Sasuke Retsuden: Os Descendentes Uchiha e a Poeira Estelar - Capítulo 03
Capítulo 03
Sasuke atravessou o pátio que refletia a luz vermelha
do sol, que começava a se pôr, indo em direção à biblioteca que ficava em
frente ao prédio principal. Só neste momento, depois do jantar, os prisioneiros
eram autorizados a fazer uso dos arquivos.
Ao abrir a porta, que era feita de um latão
enferrujado, podia se ver altas estantes de livros, alinhadas em sucessão. O
edifício fora construído inteiramente de arenito e laterita, tornando a
ventilação do edifício de vários andares um local adequado para manter os
documentos de pele de ovelha, que podiam ficar descoloridos facilmente.
Aquele lugar era frio. A iluminação fraca era sombria.
Uma das únicas fontes de luz eram as pequenas janelas destinadas à ventilação,
que iluminavam o chão com quadrados perfeitamente simétricos, onde um pequeno
feixe de luz de sol batia naquele momento em Sasuke — que pensava estar
sozinho, porém percebeu sombras de outros prisioneiros que estavam sentados no
chão, virando páginas dos livros que eles tinham nas mãos. Era difícil
acreditar que a maioria dos prisioneiros era até alfabetizado, ele achava que
eles provavelmente estavam olhando as fotos por diversão.
De acordo com o plano dela, Sakura deveria estar
esperando por ele na frente de uma estante perto de uma janela localizada a sul
da biblioteca. Sasuke começou a se aproximar de Sakura, fingindo até mesmo
tocar as prateleiras à procura de um livro. Ele vagueiava pelas prateleiras,
ficando cada vez mais perto. Ele chegou ao outro lado da estante de livros em
que Sakura estava pegando um livro enquanto encarava sua esposa — não havia
ninguém por perto.
“O cara encarregado dos arquivos, ele é meu
companheiro de cela", ele diz para ela, escondendo a boca atrás da capa do
livro que segurava.
Houve uma pequena pausa antes que uma resposta viesse
do outro lado da estante.
“... É o que está dormindo na mesa? Magro,
baixinho…"
"Ele gosta de apostar. Se tudo se tornar uma
aposta, ele aceitará. Eu vou falar com ele primeiro, espere um pouco aqui, aí
você aparece depois e me ajuda."
"Entendido", Sakura respondeu, fechando o
livro que ela segurava.
Sasuke caminhou até Penjira, que estava com o rosto
adormecido nas páginas do livro aberto. Sasuke bateu no ombro dele.
"Oi, Penjira.”
“Uwa!! Que surpresa!”, os olhos de Penjira se abriram,
“Isso é incomum, Sasuke."
"Eu não sabia que você era o encarregado dos
arquivos.”
“Ao contrário de vocês, minha sentença é mais curta.
Estou tentando me tornar um candidato para sair por bom comportamento."
"Se você é um prisioneiro modelo, por que você
não cuida melhor dos livros? Parece uma coleção preciosa, mas as páginas onde
você dormiu em cima estão ensopadas de baba.”
“Oh, merda", a página rasgou enquanto ele tentava
esfregar com a manga para secar.
“Ahh, o meu rosto rasgou o Kabinaga…"
“Kabinaga?"
"Esse cara”, Penjira apontou para uma foto de uma
criatura de cauda longa. O nome escrito ali era "Titã". Era difícil
de ler, por conta da poça de saliva, mas parecia que a criatura estava sendo
comparada à árvore atrás dela.
"É um livro que contém informações sobre uma
tonelada de dinossauros e feras que estão extintas. Mesmo que você não saiba
ler, as fotos são legais”, Sasuke rapidamente olhou para a explicação escrita
ali. Titã: A besta gigante — Um grande dinossauro com um enorme pescoço e cauda
extensa. Cerca de 30 metros no total. Vários esqueletos foram achados do estrato
que expandia o Centro de Pesquisa de Astronomia Tataru. Embora Sasuke não
estivesse familiarizado com isso, os eruditos há muito tempo conheciam
criaturas gigantes classificadas como "bestas" que outrora
percorreram Redaku. Alguns até se referiam a eles como dinossauros. Deveria
haver áreas úmidas planas na área antes que terremotos descessem a terra para
formar montanhas. Na época, dinossauros e bestas andavam por aí.
"Você quer ver livros assim?”, Penjira perguntou.
“Na verdade não, mas há um livro em que eu estou
procurando. Algo sobre um mapa astronómico."
O rosto de Penjira era exclamativo, ”Não tenho ideia,
eu nunca ouvi falar disso, mas se você puder encontrar alguém que saiba ler,
provavelmente vocês poderão procurar no catálogo da biblioteca."
“Eu sei ler."
"O quê? Sério?! Você é tão talentoso”, os
catálogos atrás do balcão onde Penjira estava eram impressionantes. Grosso o
suficiente para ser uma enciclopédia, o canto das páginas estavam com orelhas,
e o fio de seda que amarrava todas as páginas parecia estar à beira de se
despedaçar. Um dos catálogos, que eles abriram devagar, tinha manuscritos
impressos por toda a página, seus traços serpenteando em direções diferentes.
Cada sentença era uma bagunça sem qualquer forma de organização, mas a
descrição do mapa celestial chamou a atenção de Sasuke imediatamente. Estava
escrito na primeira página como o documento mais importante para a instalação.
"Arquivado no subsolo… I-24”, Sasuke leu essa
localização em voz alta.
"Oh, a biblioteca subterrânea", os ombros de
Penjira caíram, ”Está fora dos nossos limites. O porão está cheio de documentos
importantes. Cada livro lá embaixo é extremamente valioso. Se eles descobrirem
que você entrou no porão sem permissão, por mais que seja por um livro, você
será submetido para a mais alta forma de punição que eles poderiam lhe dar.”
E essa maior punição... Era morte por enforcamento.
"Entendo, desculpe por perguntar. É que parecia
meio interessante”, Sasuke deu um pequeno aceno de cabeça em resposta. No mesmo
momento, Sakura fingiu que estava passando por ali e entrou na conversa.
"Oh! Doutora!”, Penjira disse ao avistar Sakura.
"Um mapa astronômico parece interessante! Eu
estou em um instituto de astronomia, posso estudar sobre isso de uma vez por
todas.”, Sakura murmurou.
“Há tantos outros livros como esse. Me desculpe, é uma
pena que o documento seja proibido…”, Penjira respondeu tristemente.
"Vamos lê-lo no meio da noite! Será o nosso
segredo! Posso te pedir emprestado uma chave?”, o rosto de Penjira ficou
confuso, "Em todo caso, adoraria ler um livro como esse. Talvez seja
romântico, escrito sobre o dia em que um meteorito cai das estrelas...",
Sakura falou inocentemente; Penjira balançou a mão para lhe dizer um não.
“Mesmo que seja para você, Doutora, eu não posso
emprestar a chave. A punição iria cair para cima de mim.”
“Oh, sério? Então que tal fazermos uma aposta?”, uma
vez que o jogo estava na mesa, o rosto de Penjira se iluminou.
“Nós podemos jogar seu jogo favorito, o que você
quiser, seja chinchiro ou hanafuda... Mas se eu ganhar, eu recebo a chave do
porão.”
“Sim, mas se descobrirem que eu entreguei essa chave
sem permissão…”
“Como se os guardas entrassem aqui. Eu prometo que
assim que eu terminar de ler esta noite, eu vou devolver a chave”, as mãos de
Sakura se encontram em posição de oração na frente de seu rosto, “Por
favorziiiiinho?”, a mente de Penjira estava preocupada enquanto pensava: Ah, o
que eu faço... O que eu faço...
“Urgh, tudo bem! Vamos brincar!”
“Esse é o espírito! O que vamos jogar?”
“Provavelmente não chinchiro. Eu acabei de perder para
o Sasuke e ele nem tem sorte. Vamos jogar hoshinarabe”
“Hoshinarabe?", A cabeça de Sakura e Sasuke
inclinaram-se um para o outro em confusão. Nunca ouvi falar desse jogo.
"É um jogo que as pessoas jogam aqui. Deixe-me
preparar tudo para isso.”
"Sakura, você apenas tem que fingir que joga.
Assim que o jogo começar, eu colocarei Penjira sob genjutsu", Sasuke
sussurrou para Sakura enquanto Penjira desaparecia pelas estantes atrás deles.
"Ah, que droga, você vai trapacear”, Sasuke olhou
para Sakura, espantado.
“Numa situação como essa? O que você está
dizendo...?"
“Nós ficaremos bem. Você se esqueceu? Sou a aluna
favorita de Tsunade-sama”
“Tsunade não era notoriamente terrível em todo jogo?”,
ele retrucou.
Penjira voltou, perguntando a si mesmo como se
convencera de tudo aquilo. Em sua mão, ele carregava uma caixa coberta com uma
folha de ouro que foi colada. A tampa foi levantada para revelar um baralho de
cartas com imagens neles. As cartas eram muito menores que o tamanho da caixa
que ele segurava.
"Hoshinarabe, você usa 12 cartas na sua mão. Tudo
o que você precisa fazer é ter uma carta de cada tipo”, Penjira sentou-se e
começou a alinhar algumas cartas.
"Meses atrás, uns caras que limpavam as estantes
de livros se depararam com esse jogo. Certifique-se de ouvir atentamente as
regras."
Havia 12 ilustrações diferentes a serem encontradas em
todo o baralho. Uma do cavalo branco nadando no mar. Um gato olhando para a
chama de uma lanterna. Uma fogueira que queimava com um brilho laranja. Um
macaco desenhando uma imagem na terra com um pedaço de pau. Um pastor olhando
para as estrelas através de uma bola de vidro. Uma vaca em sua jaula, olhando
para fora. Um tronco de árvore com seiva e âmbar agarrado a ele. Um
ogro/gigante (exkyojin) nascendo da terra. Uma tartaruga subindo a rocha de uma
montanha. Um homem de cabelos grisalhos com sua bengala. Um cão-guaxinim pai e
um cão-guaxinim filho brincando nas dunas de areia. E um sapo e uma lesma se
arrastando para fora do pântano. O tema comum das 12 cartas era uma pessoa, um
animal ou uma planta - com cores vibrantes e ricas. A parte de trás de cada
carta parecia ser a mesma em todo o baralho também — um lagarto enrolado em
torno de uma rocha.
“Falando em lagartos, parece muito com Menou”, Sasuke
refletiu.
“Mas o que Menou tem a ver com isso? Bom esqueça isso
e preste a atenção. São doze fotos diferentes, você receberá cinco, são
sessenta cartas no total. Eu pego seis cartas primeiro, de lá você pode trocar
as cartas que recebeu, cinco vezes no máximo. Você ganha se a carta que você
receber for a mais forte."
Penjira tirou um manual da caixa que continha o resto
das cartas, listou todas as combinações possíveis de cartas. A carta mais forte
era a “estrela", composta de: cavalo branco, onça, gato, fogueira, ogro e
tartaruga. Havia algo escrito na linha abaixo, mas a tinta tão fraca deixava
ilegível. O papel da "terra", que parecia ser a próxima mais forte,
era composta de: gato, fogueira, sapo e lesma, tartaruga, e o velho. Além de
"estrela" e "terra", havia outros papéis como "pôr do
sol", "fogo ardente", "tempo ensolarado",
"folhas", etc., mas ao contrário do poker - parecia que não havia
qualquer regularidade nas combinações de cada papel. Para iniciantes, deveria levar
um tempo considerável para aprender.
Mas...
"Ah, é isso? Entendi, vamos lá.”, Sakura disse em
um tom claro, devolvendo o manual para Penjira.
“Doutora, você está me ouvindo? É um jogo onde você
irá combinar cartas, os iniciantes devem realmente ficar com o manual para que
eles possam ter uma referência e verificar suas cartas.”
“Eu já os memorizei.”
“O-o-quê?”, Penjira perguntou surpreso.
Sakura se sentou preguiçosamente na frente de Penjira,
colocando um fio de cabelo rosa atrás das orelhas. Sasuke estava atrás dela
enquanto a mesma arrumava sua postura, ficando mais ereta na cadeira. Era um
hábito que ela não perdia.
Os olhos esverdeados de Sakura se estreitaram como as
de um gato enquanto ela olhava para o rosto de Penjira, como se estivesse
tentando provocá-lo.
"Vamos começar".
"Doutora, algo está diferente do habitual em
você” Penjira sorriu com a mudança de comportamento de Sakura quando ela se
sentara na frente dele. Eu vi pessoas que mudaram toda a sua atmosfera e
personalidade quando se trata de jogos de azar. E sempre achei que esses eram
os que tinham problemas, que provavelmente deveriam parar de jogar. Não seria
uma regra de ouro manter uma cara indiferente e nunca mostrar suas emoções? - Ele
pensou.
"Eu vou negociar com você”, Sakura pegou as
cartas colocadas na frente dela.
“Sim, geralmente na segunda rodada, tem o perdedor
barganhando com todos, mas acho que isso não é relevante para este jogo único”,
Sakura atacou as cartas dele com destreza, como a de uma cirurgiã.
Penjira tenta observar as mãos dela o melhor possível.
A Dra. Sakura, em seu consultório médico, era praticamente a única que tratava
os prisioneiros como seres humanos, e já capturara os corações de vários deles.
O diretor tinha acabado com muitos deles apenas com trabalho excessivo. Mas
recentemente algo tinha mudado para os prisioneiros — eles sentiam esperança
com ela por lá.
Se bem que agora, o rosto da mulher na frente de
Penjira era completamente diferente das expressões amigáveis da médica que ele
conhecia.
Penjira pegou seu baralho de cartas. Não era ruim. Ele
pegou a segunda carta mais forte.
“Terra", ele olhou de volta para Sakura
verificando sua mão, seu rosto coberto por um sorriso enorme.
"Há centenas de pessoas inteligentes que gostam
de jogar, sabe. Os médicos não são exceção."
Penjira jogou três cartas, mantendo o velho, o gato e
a tartaruga e pegou mais três do baralho completo entre eles. A segunda carta
foi a tartaruga, sapo, fogueira. A mão dele era boa. Com isso, ele estava perto
de preencher todos os requisitos para "Terra". Sakura seria a próxima
a jogar.
Sakura jogou uma carta fora e a substituiu por outra
do baralho. Seus olhos esvoaçando sobre cada carta por um momento, depois
jogando mais uma para substituir. Segunda vez, terceira vez -naquele instante,
os prisioneiros que estavam na biblioteca também começaram a se reunir. Todo
mundo curioso para ver os pares combinando. O próximo turno se transformou no
último turno.
Penjira ficou perplexo. Suas seis cartas na mão:
tartaruga, tartaruga, velho, gato, fogueira e sapo. Se ele jogasse fora uma das
tartarugas e puxasse a lesma, ele completaria a "Terra". Uma de suas
únicas opções era descartar o par de tartarugas, mas as cartas combinadas lhe
davam alguns pontos. Ele pensou nas chances de puxar uma carta que ele não
tinha, entretanto não seria de nenhuma utilidade.
Bem, o que eu faço? Penjira pensou, olhando para a mão
dela. Sua oponente era super iniciante, e ela disse que conhecia as regras, mas
quão provável era ela ter uma combinação tão complexa de "estrela" ou
“terra”? Ela teria sorte se tivesse um par simples, talvez até um trio. Vou
descartar todas as cartas, exceto as tartarugas, ele pensou. Se ele puxasse
mais uma tartaruga, seria um trio. Mesmo se não fosse, ele ainda teria o mesmo
par de cartas e isso o deixava com pontos a frente.
Era impossível forçar uma “terra”. Proteger os pontos
que ele já acumulara era o caminho certo a seguir. Ele estava prestes a descartar
quatro cartas, mas então seus olhos se encontraram de repente com os de Sakura.
“Você pode pensar mais um pouquinho, não estou com
pressa”, ela disse gentilmente enquanto inclinava a cabeça para o lado. Penjira
pensou consigo mesmo sobre sua mudança de estratégia. A ideia de um trio ou par
era bom, ele não terminaria o jogo com nada, mas se ele conseguisse completar a
"terra", ele tinha certeza que iria chorar de emoção.
Descartar uma tartaruga e pegar uma lesma, e então a
”Terra” seria completada. Se ele puxasse alguma coisa além disso ou algo que
não estivesse em sua mão, tudo estaria perdido.
Ele decidiu arriscar a segunda opção. Depois que seus
olhos confirmaram a carta que ele havia pego, Penjira quase pulou da cadeira.
Obrigado, Senhor! Uma carta de lesma. Ele havia completado a "Terra".
"Eu tenho as cartas que eu quero”, Sakura também
parecia ter conseguido completar. A rodada havia terminado, era hora de
mostrarem as cartas. Cada momento da batalha decisiva foi gasto para descobrir
a mão um do outro e calcular o melhor curso de ação.
"Doutorinhaaa, não chore!”, Penjira brincou
quando a mão dele espalhou as cartas na mesa. Os olhares de seu público foram
atraídos imediatamente para as seis cartas que ele expôs. Mostrando que eram
cartas que completavam a "terra", ele suspirou:
"Eu consegui completar a ‘Terra’”
"Isso é bom?”, Sasuke perguntou ao homem ao lado
dele. O homem assentiu bastante.
"Este é a segunda leva mais forte. A única
maneira de ganhar é se você completar a ‘estrela’. Mas é improvável que a
doutora consiga, ela já perdeu."
Sasuke continuou olhando para o perfil de sua esposa,
seu rosto indecifrável, mordendo os lábios. O dedo de Sakura virou a primeira
carta na mão.
Lesma.
Alguns suspiros vieram de sua audiência. Para
preencher a “estrela” não poderia ter uma lesma. Sakura tinha perdido. Aquilo
era de se esperar em um jogo de azar.
Olhos vermelhos lentamente substituíram os ônix de
Sasuke, preparando-se para lançar um genjutsu na biblioteca inteira.
No mesmo momento, Sakura, com um sorriso largo,
começou a gargalhar. As pontas de seus dedos viraram as 5 cartas restantes em
ordem: tartaruga, velho, gato, fogueira e sapo... Aquela combinação…
“Terra!", gritou alguém na platéia. Eram as
mesmas combinações dispostas em duas fileiras diante deles. Sasuke se
perguntava com que frequência um empate acontecia.
"Você trapaceou!”
“Oh, você acha? Quer fazer uma verificação corporal?”,
Sakura levemente estendeu os braços em direção a ele, inclinando a cabeça para
expor seu pescoço atraente. Seu cabelo de cerejeira acariciava suas bochechas
enquanto suas mechas se espalhavam por trás das orelhas.
Olhando provocativamente com seus olhos verdes, ela
fez Penjira se calar. Acusar de trapaça precisaria de provas. Trinta minutos se
passaram e eles continuavam a jogar.
As costas de 52
Penjira estavam encharcadas de suor. Atrás das seis
cartas abertas como um leque, cílios de cerejeiras encavam-o.
Uma gota de suor caiu de sua têmpora até uma carta.
Eles já haviam jogado cinco rodadas, 0 vitórias e 0 derrotas. Todas as rodadas
terminavam em empate. Sakura na ofensiva completava sempre o mesmo que ele
completava. Isso não deveria ser possível. Alguém está trapaceando aqui.
Penjira pensava.
Sasuke a examinava, fixando seu olhar em direção a ela
enquanto ela tocava nas cartas. Ela não parecia suspeita, mas a dúvida não foi
embora.
“Sua vez”, a voz de Sakura era provocativa,
"Vamos terminar isso de uma vez." Enquanto rezava para si mesmo,
Penjira mostrou sua mão.
Velho, pastor, lesma, lesma, tartaruga, tartaruga.
A combinação de pares de animais era chamada de
"Soujo Teia". Penjira não estava mais incomodado com completar cartas
chaves. Ele faria qualquer coisa, contanto que ela perdesse.
"Outro empate, quais são as chances?",
Sakura sorria e espalhava as cartas para ele ver tudo. Penjira parecia aliviado
ao ouvir aquelas palavras.
Velho, pastor, lesma, lesma, tartaruga, tartaruga. As
seis cartas de Sakura estavam alinhadas como um espelho com as de Penjira. O
peito de Penjira soltou um suspiro profundo. "Que grande
coincidência."
Era a sexta rodada. Sakura pegou toda a pilha de
cartas, sorrindo e rindo enquanto ouviu alguém murmurando surpreso, “Outra
rodada?"
"Não, eu desisto!”, Penjira declarou de repente
quando se levantou. Eles poderiam jogar o tanto que eles quisessem, mas o
resultado seria o mesmo. Ele não podia ganhar ou perder para essa mulher.
Penjira se sentiu como um cachorro, esgotado apenas por jogar.
"Finalmente, eu estava esperando você desistir”,
ao ouvir isso de Sakura, Penjira foi até umas das estantes, voltando com uma
chave de latão pendurada no dedo.
"Aqui, a chave para a biblioteca do porão. Basta
devolvê-la assim que terminar. Se isso desaparecer, seremos punidos."
"Eu prometo que vou devolvê-la. Obrigada”, Quando
Sakura tentou pegar a chave, Penjira puxou a mão de volta, acrescentando:
"Mesmo que o livro esteja no catálogo, livros
sobre astronomia podem não ser encontrados lá embaixo."
"O que isso significa? Nesse catálogo, dizia que
o livro estava lá”
“É por isso que eu digo que o catálogo nem sempre é
preciso... Sei que algumas coleções foram gerenciadas pelo Palácio Real até o
momento, faltam alguns livros daquela época." Poderia ter dito isso antes.
Sasuke olhou para ele com raiva. Penjira deu de ombros, dizendo:
"É uma história terrível", ele disse
entendendo de maneira errada o olhar de Sasuke.
"Eu me pergunto se o Palácio Real não sabia o
quão precioso era esses livros. Algumas décadas atrás, parecia haver um
registro de um embaixador de um país que veio à procura de um livro, ele também
não o devolveu."
"Algum livro em particular?" Sakura
perguntou.
“Algum livro proibido que não deveria ter saído pelas
portas, mas o antigo rei amava o cara. Acho que o nome dele era
Orochimaru"
O nome inesperado fez com que Sasuke e Sakura olhassem
para cima. Não havia chance de aquele nome pertencer a qualquer outra pessoa
além daquela serpente que eles conheciam. Aquele homem-cobra tinha caminhado
para muito longe do País do Fogo.
Se esse era o caso, por que diabos eles foram até
Redaku para procurar?
Naquela noite, Sasuke esperou Jiji e os outros caírem
no sono. Ele saiu de sua cela e entrou no pátio. Ele encontrou Sakura na frente
da biblioteca.
"Você tem a chave?”, Sasuke perguntou e Sakura
sacudiu a chave de latão — assentindo "Claro!"
Eles desceriam até o porão em busca do mapa — na
esperança de encontrá-lo sem nenhuma reviravolta. Empurrando a porta de metal
enferrujada e entrando na biblioteca, a porta se fechou atrás deles,
envolvendo-os na escuridão absoluta do lugar que não tinha fonte de iluminação.
Os dois acenderam chakra nas palmas das mãos.
Confiando nessa luz, eles se dirigiram para os fundos.
"Hey, Jiji está dormindo bem, certo?”, Sakura
perguntou.
"Quando saí da cela ele estava dormindo
profundamente. Por que a pergunta?”
"Ele vem bastante ao consultório. Alega ter dores
de cabeça, dor de estômago, há sempre alguma razão. Eu nunca encontro nada de
errado quando o vejo, então eu acho que é uma desculpa para fugir do trabalho.
Eu não posso ajudá-lo, mas ainda assim, fico um pouco preocupada."
"Ele está fingindo, ele é cheio de energia”,
quando Sasuke havia dito aquilo, ele sentiu uma onda de sentimento incomum em
seu peito. Não importava o quanto Jiji tentasse, ele não conseguia acreditar
que Sakura era a esposa de Sasuke. Bom, isso era o que Sasuke queria acreditar,
pelo menos.
Você não acha que seria ruim se insetos como eu
estivessem sempre perto dela? As palavras de Jiji ecoaram em sua mente, junto
com uma premonição repugnante em sua cabeça, parando Sasuke em seu trajeto.
"Humm? Você está bem?”, Sakura parou pela atitude
repentina do marido. Sasuke se virou para ela silenciosamente, agarrando o dedo
dela. Tocando a base do seu dedo anelar e trabalhando seu chakra ao redor, o
chakra começou a se materializar, transformando-se em grãos de areia à medida
que envolvia o dedo, como os anéis de Saturno. A areia começou a se unir,
mudando para uma cor prateada com um som estridente.
A transformação estava completa.
"Use isso”, ele falou enquanto fazia uma carranca
— parecia até um beicinho. Sasuke soltou sua mão.
"Isto...”
Sakura abriu os dedos, olhando para o anel recém
formado que agora estava em volta de seu dedo anelar. A prata brilhava — uma
pedra vermelha atraiu o olhar dela. No centro, um rubi era a parte principal do
solitário.
Ambos os materiais foram produzidos através da
matéria-prima presente no local onde eles estavam.
Sasuke parecia ter feito um anel improvisado com
apenas artesanato. O anel em volta do seu dedo anelar era simplesmente o
testemunho do casamento deles.
"Muito obrigada."
Sasuke começou a andar indiferentemente, como se não
pudesse ouvir a voz de Sakura. Enquanto andava logo atrás dele, ela pressionou
a bochecha quente com a palma da mão. Anéis artificiais como estes eram sempre
um pouco distorcidos, mas o anel dela era mais claro, mais brilhante e mais
bonito do que todas as estrelas no céu noturno. Quase parecia melhor do que os
que foram criados naturalmente, o produto do controle árduo do chakra de Sasuke
era único.
Sasuke-kun, você está com ciúmes?
Ela queria soltar aquilo e perguntar em voz alta, mas
ela sabia que Sasuke provavelmente não se abriria a esse ponto, então decidiu
manter isso em seu peito. Ela olhou para a pedra vermelha que adornava o dedo
anelar, seus olhos se estreitaram de felicidade.
Depois de um tempo caminhando em silêncio pela
escuridão, eles alcançaram a porta no fundo da biblioteca. Sakura colocou a
chave de Penjira na fechadura, a mola girando dentro e abrindo a porta com um
estalo.
“Ontem, quando você e Penjira jogaram
Hoshinarabe…", Sasuke começou desajeitadamente enquanto abria a porta,
"Como você fez aquilo?"
"Oh! Bem, uhm…", Sakura, que estava olhando
para o anel em seu dedo, rapidamente colocou a mão de volta para o lado,
"Eu não estava trapaceando, eu estava realmente tentando o meu melhor.”
"Por memorização”, além da porta, havia uma
escada para o porão, alinhada com telhas descendentes. Sakura continuou
dizendo, "Essas cartas eram todas muito antigas. Se houvesse uma borda
dobrada, um arranhão perceptível ou uma foto um pouco diferente, eu memorizava
tudo nas cartas quando checava seus padrões".
"Todas as sessenta?"
"Sim, mas na primeira rodada eu estava
trapaceando. Eu adquiri essa habilidade quando estava trabalhando com a
Tsunade-sama”, Sakura falou, sentindo-se nostalgia, ”Tsunade-sama é muito ruim
em jogos de azar, mas ela odeia perder. Então, no começo, eu tive o cuidado de
deixá-la ganhar, mas ela continuava jogando e continuando... Sendo assim, é
muito menos chato se eu continuar terminando a partida com empates, vendo seu
rosto mudar de cor até ela decidir parar”
Ela não estava entediada, ela estava com medo de que
Tsunade ganhasse e aquilo se tornasse um vício ainda pior...
Eles já haviam chegado ao final das escadas antes que
pudesse ficar se perguntando se ela deveria dizer isso em voz alta. As
prateleiras estavam adornadas com teias de aranha, pergaminhos pequenos e
grandes presos entre outros livros e documentos encadernados que tinham todas
as formas e tamanhos.
Em uma tentativa de procurar por armadilhas, Sakura
tocou a parede do porão, soltando chakra na superfície do prédio.
Seguindo o movimento de seu chakra que infundia o
edifício, ela conseguiu uma compreensão aproximada de toda a estrutura.
“Isso é...?"
"Qual é o problema?"
"Parece que há outro cômodo, atrás daquela
parede”, Sakura virou seu olhar para a parede de trás, na direção da edifício
principal, fechando os olhos.
Concentre-se no fluxo do seu chakra. Uma técnica para
explorar a estrutura dos edifícios pela movimentação do fluxo de materiais
inorgânicos era exclusividade de Sakura. Uma mestra do controle preciso de
Chakra.
“Há uma escada em espiral, ligada à sala do diretor,
quarto andar."
"As escadas no edifício principal não devem ser
mais baixas do que o primeiro piso... Você está dizendo que há um cômodo
escondido, coberto por uma única parede neste porão?”, aquele segundo porão só
era acessível da sala do diretor.
“É suspeito, provavelmente é para esconder algo
importante.”
"Vamos investigar isso depois... Há bastante
coisa escondida aqui também"
Sasuke estava curioso sobre a existência deste
misterioso segundo porão, mas agora era o melhor momento para pegar o mapa
astronômico. A mão de Sakura deixou a parede enquanto vagava entre as
prateleiras, procurando a estante que ela leu no catálogo.
"É isso! O mapa astronômico”, Na prateleira
"I", Sakura tirou um enorme livro azul. A capa era tingida com pigmentos
primitivos de minerais, tornando-a áspera ao toque. A tampa traseira adornada
com quatro caracteres, estava escrito "Mapa Astronômico" em ouro.
"Espero que este livro nos dê algumas pistas”, A
mão de Sakura virou a capa enquanto ela murmurava para si mesma...
"Sai?"
Sasuke instintivamente olhou para a página que Sakura
leu atrás dela, quando ela involuntariamente murmurou o nome de um amigo da
aldeia. Era uma pintura feita. Uma imagem de um cão-guaxinim pai e um
cão-guaxinim filho que brincavam nas dunas de areia desenhadas com fluxos de
pinceladas.
Quando o rosto de Sakura se aproximou das páginas, ela
percebeu o cheiro de adesivo misturado com óleo queimado. Ela conhecia aquele
cheiro de suas missões com Sai. Suas pinturas eram feitas diluindo a tinta com
óleo e água, o método de pintura de Konoha. Segundo todo o seu conhecimento,
esse método com tinta não deveria existir em Redaku.
"Este livro... Originalmente foi feito fora do
país? É possível que uma pessoa de fora de Redaku tenha vindo aqui para
ilustrá-lo?"
"A pessoa que veio aqui era do exterior, e ele
ficou aqui há muito tempo..."
A mesma pessoa apareceu em suas cabeças. O Sábio dos
Seis Caminhos. Ele deve ter pintado a imagem ali, mais tarde trazendo a técnica
de volta ao País do Fogo para ser passada até os dias atuais. Pensando em todas
as questões do Instituto de Astronomia, essa teoria não seria impossível. A
pintura a tinta das dunas estava na primeira página.
A próxima página mostrava um gigante, a seguinte uma
fogueira, depois um gato, macaco, velho, pastor — Depois de passar para a
última página, Sasuke confirmou com um murmúrio:
“As mesmas fotos de Hoshinarabe”, O cão-guaxinim pai e
um cão-guaxinim filho brincando nas dunas, o gigante nascendo da terra, a
fogueira laranja, um gato olhando para a chama da lanterna, o macaco desenhando
com uma vara, a vaca espreitando de sua gaiola, o homem de cabelos grisalhos, o
pastor olhando para o céu, a tartaruga em uma montanha rochosa, o cavalo branco
nadando no mar, o sapo e a lesma rastejando para fora do pântano, o tronco da
árvore coberto de seiva. Não havia dúvida de que as ilustrações de tinta eram
todas consistentes com as cartas de Hoshinarabe.
"Mas eu não entendo, o que essas doze pinturas
têm a ver com a existência de partículas polares?”, a mão de Sakura que estava
traçando ao longo do papel manchado de tinta parou. Após uma inspeção mais
detalhada, ela notou pequenos pontos espalhados em torno de cada imagem
desenhada. Algumas pinturas, como o cão-guaxinim pai e cão-guaxinim filho
brincando e a tartaruga, estavam desenhadas de modo que os pontos e as linhas
se sobrepusessem, como se estivessem todos conectados como um quebra-cabeça de
"ligue os pontos".
"Isto não é apenas uma pintura a tinta, é uma
constelação."
“Constelação?"
“Um padrão de estrelas, elas estão dispostas a
parecerem plantas ou animais. Veja, também está em Konoha... Como Touro e
Áries. Sasuke-kun você nasceu em 23 de julho, então você seria de Leão”,
enquanto explicava, Sakura abriu a página com a foto da lesma. Cinco pequenos
pontos estavam alinhados em ziguezague na antena da lesma.
"Olhe para estes cinco pontos”, Hokuto Gosei é o
nome da constelação de cinco estrelas que pode ser vista da primavera ao verão.
Parecia ser consistente com as linhas e pontos desenhados na imagem. "Eu
vejo... Da primavera ao verão. Essa lesma, essa constelação representa um
local?"
"Como há 12 pinturas a tinta, estou pensando que
essas constelações representam o que pode ser visto no céu a cada mês, de
janeiro a dezembro. Se classificarmos as constelações em ordem, poderemos
encontrar algumas pistas"
"Classificar? Isso levará algum tempo.”, Redaku é
há uma certa distância de Konoha, e as estrelas acima pareciam completamente
diferentes. Sasuke franziu a testa enquanto Sakura disse levemente, ”Ah, está
tudo bem", e examinou os materiais que estavam empilhados no cômodo.
"Há uma centena de registros astronômicos e
observações aqui. Se você puder me dar dois dias, acho que posso descobrir a
ordem das pinturas a partir dos registros de observações, classificadas por
mês. Eu ficarei segura.”
Honestamente impressionado, Sasuke pegou o mapa
astronômico e o colocou em um pódio. Se ele deixasse para Sakura, ele sabia que
ela seria absolutamente capaz de ordenar as pinturas. Mais importante, ele
pensou de volta nas pinturas nas cartas do jogo, lembrando de cada animal
selecionado para cada carta.
O gigante, o gato, macaco, vaca, tartaruga, cavalo
branco, o sapo e a lesma.
Havia também o pastor e o velho, os outros eram o
tronco da árvore e uma fogueira.
Sasuke sentiu como ele tivesse visto aqueles rostos em
algum lugar antes. Em algum lugar além das cartas Hoshinarabe… Lugares que há
muito tempo, ele teria visto algo como o velho, o gato, a tartaruga ou o
macaco.
"Sasuke-kun, você achou alguma coisa?"
“Não é nada…”, enquanto Sasuke tentava fechar o livro,
ele notou algo preso na capa traseira.
“Hmm”, um papel dobrado ao meio estava ali. Havia uma
frase curta com alguns caracteres arranhados. Que descrição misteriosa e
enigmática. No entanto, não foi no texto que seus olhos foram atraídos, mas a
figura desenhada abaixo. Era a figura de um símbolo que eles estavam
acostumados a ver. Em Konoha, quem vestia este emblema era reconhecido como um
ninja de pleno direito. Mesmo usando no lugar mais proeminente em todo o corpo.
Sasuke lembrou-se de aprender o significado do símbolo na academia, que vinha
da prática dos ninjas de colocar folhas na cabeça para concentrar a energia.
O símbolo da aldeia da folha que representava o
redemoinho de folhas caídas.
"O quê... Por que o símbolo de Konoha está
aqui?”, eles olharam para os rostos um do outro, ambos sem palavras. O emblema
de sua aldeia fora descoberto em um lugar remoto e distante como o Instituto de
Astronomia, mesmo nos documentos de astronomia escritos há muito tempo. Culto
para estrelas, o emblema de Konoha, o Instituto. Nem Sakura nem Sasuke foram
capazes de encontrar qualquer explicação que traçasse esses três distintos elementos
uns aos outros.
Na manhã seguinte.
No corredor em direção ao refeitório, Sakura carregava
folhas de papel firmemente em suas mãos. Ela atravessou o corredor e foi em
direção até uma mesa vazia para espalhar todos os seus papéis e mostrar isso a
Sasuke.
O Mapa astronômico de ontem, classificado por mês. Ela
foi capaz de estudar os tempos de observação e cada constelação durante a
noite.
Janeiro o cão-guaxinim pai e o cão-guaxinim filho
brincando nas dunas. Fevereiro o gato olhando para a lanterna. Março a
tartaruga na montanha rochosa.
Abril o macaco desenhando no chão com um pau. Maio o
cavalo branco nadando no oceano. Junho o sapo e a lesma no pântano. Julho o
tronco da árvore coberto de seiva. Agosto a vaca espiando pela gaiola. Setembro
a fogueira laranja. Outubro o gigante nascendo da terra.
Novembro o pastor olhando para o céu noturno. Dezembro
o homem grisalho com sua bengala.
Animais compondo os meses de janeiro até agosto, Setembro foi a fogueira; Outubro, o gigante; e Novembro e Dezembro, consistindo de seres humanos. Atrás de uma página havia um breve memorando: Amanhã, nos arquivos, 14:00…
---------------

Comentários
Postar um comentário