Akatsuki Hiden - Capítulo 02
O Vale das Mentiras
As pessoas decoram a vida com belas
palavras, como se fosse algo grandioso. Mas viver é roubar. Viver é acumular
seus pecados.
De que servem as virtudes da vida? Eles
não alimentam você. Este é o modo de vida dos saqueadores e predadores que
vivem acima da lei.
Portanto, guarde o seu sermão mais santo
para você. Estes são assassinos.
------------------------------------------
"...Ei, qual é, me dê um
tempo."
O vento do vale subia e corria pelas
florestas, elevando uma brisa fresca e refrescante. Cercado por montanhas em
todas as direções e longe das aldeias... Este era o lugar perfeito para
relaxar.
Mas para um seguidor da fé em Jashin,
para quem procurava presas para fazer sacrifícios ao Senhor Jashin, Hidan
estava morrendo de tédio com esse lugar. Quando ele lembrou que a razão de eles
estarem aqui era para ganhar dinheiro, as regras da Akatsuki que se dane, ele
queria matar seu parceiro.
Por outro lado, mesmo que ele matasse
seu parceiro, o cara simplesmente não morreria. O mesmo vale para si mesmo.
Seria uma luta sem sentido.
"Sério, tenho mandamentos a
cumprir. Vamos sair dessa floresta chata para que eu possa matar alguma
coisa", Hidan, que de má vontade entrou na organização conhecida como
'Akatsuki', reclamou para o homem andando a sua frente e ao homem que ele se
associou na Akatsuki: Kakuzu.
"O homem no ponto de troca disse
que há uma recompensa de 1,5 bilhão de ryō nessas florestas. Ele não mente, não
quando se trata de dinheiro."
É claro que Kakuzu gostaria de acreditar
que suas informações eram credíveis. Mas, para Hidan, isso não importava.
Afinal, para um seguidor religioso
moldado por sua fé, o apego ao dinheiro era um enorme tabu. Por outro lado,
Kakuzu comentava com frequência que o dinheiro era a única coisa em que alguém
podia acreditar. Alguém poderia dizer que ele e Hidan eram o exemplo perfeito
de opostos completos.
Um toco de árvore chamou a atenção de
Hidan, e ele se sentou com um olhar entediado no rosto. Deve ter sido uma
árvore grande, pois o tronco da árvore era grande o suficiente para duas
pessoas se deitarem.
"Eu não vou mais andar em círculos.
Eu ainda tenho que orar por arrependimento por não fazer um ritual hoje. Se
você vai procurar a recompensa, faça isso sozinho, Kakuzu, porque não darei um
passo sequer."
Hidan tirou o colar com o símbolo da fé
Jashin.
"Você e suas orações..."
Murmurou Kakuzu com repugnância enquanto observava o tronco de árvore em que
Hidan estava sentado.
Algo estava fora de lugar.
"...É tão simples que
perdemos."
"Hum? O que foi?"
"Tem alguém por aqui. Você pode
dizer só de olhar."
"Que porra é essa?"
Eles estavam cercados por montanhas
íngremes e florestas que se estendiam até onde os olhos podiam ver.
Provavelmente não havia mais humanos nessas terras, apenas animais selvagens.
Hidan já lamentou inúmeras vezes para Kakuzu que não havia pessoas vivendo
aqui.
Mas, então, Kakuzu apontou o queixo em
direção ao tronco de árvore em que Hidan estava sentado e disse, "Esse
tronco de árvore não foi formado naturalmente por um raio ou por uma colisão.
Uma pessoa cortou."
Hidan virou-se para olhar o tronco de árvore
em que estava sentado. Sua superfície era completamente plana e lisa.
"Bem, sim, acho que sim..."
Hidan admitiria isso, mas isso por si só não foi suficiente para convencê-lo
completamente de que alguém estava aqui. "Alguém provavelmente cortou isso
há muito tempo. Tipo, talvez eles quisessem construir uma cadeira ou algo
assim, não é?"
"Talvez, mas este corte parece
novo."
"Hã? Bem, claro, eu acho... Mas
vamos lá!"
De qualquer forma, Hidan queria sair
dessa floresta o mais rápido possível.
"Chegamos até aqui e o filho da
puta não está por perto! A menos que ele venha até nós, nunca o
encontraremos!"
Desista, Hidan. Kakuzu planeja continuar
sua busca.
De repente, a voz de um homem
desconhecido os alcançou, "Q-quem diabos são vocês?!"
Os dois ficaram tensos e, quando olharam
para a voz, viram um homem de meia idade.
Kakuzu nunca deixou seus sentimentos
transparecerem, mas no momento em que viu o rosto do homem, Hidan percebeu que
Kakuzu melhorou seu humor imediatamente. "Parece que ele veio até nós."
"Espere, sério, esse é o filho da
puta?!"
Agora, Kakuzu não era o único com o
espírito elevado.
"Foda-se! Senhor Jashin! Finalmente
poderei realizar um ritual!"
Foi a primeira vez que encontraram uma
pessoa em dias. Hidan estava segurando seu colar junto ao punho para confessar
seus pecados, mas, ao invés disso, mudou sua oração, para uma que pudesse
realizar o ritual, ele rapidamente se levantou do tronco de árvore.
"Você não disse que não daria mais
um passo hoje".
"Foda-se, eu posso realizar um
ritual! Se eu não fizer isso corretamente, Senhor Jashin removerá suas bênçãos
de mim. E se isso acontecer, se meu vínculo com o Senhor Jashin desaparecer,
não sei o que faria..."
"...Eu não entendo desses valores
religiosos, mas entendo que, enquanto você está tagarelando sem parar, nossa
recompensa de 1,5 bilhão de ryō está escapando."
Foi como Kakuzu disse; tudo o que viram
foram as costas do homem, enquanto ele fugia o mais rápido que podia.
"Nós finalmente o encontramos, e
ele corre. Eu vou matá-lo."
"Foda-se, eu já disse que vou
matá-lo! Não ouse sair daqui!", Gritou Hidan, apontando para o tronco de
árvore.
Kakuzu cruzou os braços, parecendo
cansado. "...Hidan. Não bote o carro na frente dos bois. Você
morrerá."
"Obrigado por me lembrar!"
Hidan, sorrindo, saltou do chão.
Em um curto momento, ele diminui a
distância entre ele e a recompensa e balançou a foice de três lâminas.
"Pegue isso!"
As lâminas rasparam o homem e o sangue
espirrou. No entanto, não foi uma ferida fatal.
O homem, agora percebendo que não tinha
chance de fugir, virou-se, pronto para formar selos de mão. "Droga! Acho
que vou ter que me envolver..."
Mas, então, o homem parou quando viu
Hidan rindo loucamente.
Hidan pegou outra arma de dentro do
manto. Parecia uma bastão normal, mas depois de abri-la para cima e para baixo,
sua ponta se estendeu e tornou-se uma lança afiada.
"Senhor Jashin! Deixe-me provar
minha fé!"
Hidan introduziu a ponta da lança
recém-estendida na própria palma da mão. Observando essa exibição repentina e
inesperada, os olhos da recompensa se arregalaram como pires.
"Ugh..." Hidan retirou a arma
da palma da mão e seu sangue foi derramado sobre o chão. Ele desenhou o símbolo
da fé Jashin.
Hidan ficou no centro desse símbolo e
aproximou sua foice manchada de sangue para si e lambeu o sangue da recompensa.
Ao fazê-lo, padrões semelhantes a um esqueleto surgiram na superfície de seu
corpo. "Está tudo no lugar... Hahahahaha! Senhor Jashin deve estar
satisfeito agora!"
Hidan estava no auge. Ele não aguentou.
Em alguns momentos, a maior dor de todos os tempos seria infligida nesse corpo.
"Vamos começar!!"
Então, Hidan atravessou seu coração.
O homem, perplexo com as ações de Hidan,
não conseguiu entender o que estava acontecendo, mas sentiu uma incrível onda
de dor percorrer seu corpo e ele cuspiu sangue pela boca.
"...Isso parece ...Tão ...Maldito
...Bom...!"
Foi o primeiro gosto da morte que Hidan
teve em algum tempo. A euforia dominava todo o seu corpo. E a recompensa,
incapaz de fazer qualquer coisa, caiu para a morte.
A única coisa que restava na área era a
respiração abatida de Hidan.
Mas então, uma nova voz desconhecida o
alcançou: "Isso é... Isso é incrível..."
Hidan estava desfrutando o melhor que
podia dessa dor mortal, empenhado em devorar cada pedacinho dela, quando foi
puxado de volta à realidade. "Quê diabos é você?! Não interrompa, caramba!"
A prontidão e irritação estavam claras
em seus olhos, Hidan procurou a fonte da voz. Assim que a encontrou, sentiu os
efeitos físicos de seu ritual cobrarem o preço, e ele ficou fraco.
Ele foi o primeiro a afirmar que não
havia ninguém naquela floresta, mas havia um jovem adolescente olhando para ele
das sombras das árvores. E ele parecia feliz.
Ele deve estar brincando com terra ou
algo assim, pois estava segurando bolas de lama.
"Quem diabos é você?" Hidan
inclinou a cabeça para o lado sem pensar sobre isso.
"...Qual é o problema, Hidan. Você
ainda não terminou o seu ritual."
Kakuzu, que estava esperando no toco de
árvore, percebeu que Hidan estava se movendo estranhamente e se aproximou.
"Eu ainda nem comecei, caramba!
Mas, ei, há um pirralho ali."
Hidan apontou para o garoto espiando das
sombras das árvores, mas Kakuzu continuava olhando Hidan.
"Hidan, mesmo que seja criança, não
baixe a guarda... Você pode morrer."
"Se ele pudesse me matar, eu
deixaria. Você realmente acha que um garoto como ele poderia me matar,
hein?" Hidan pegou sua foice mais uma vez. "De qualquer forma,
devemos matá-lo?"
Ficou claro que Hidan estava ansioso
para purificar este lugar o mais rápido possível, mas o garoto não tentou
correr. Na verdade, ele parecia corado de felicidade.
"...Espere, Hidan. Este é um
pirralho interessante."
Curioso, Kakuzu impediu Hidan de
levantar a foice.
"Bem, sim, acho que sim..."
Ao ver a foice abaixada, o garoto
levantou a mão, inclinou-se para a frente e gritou, "Ei! Qual foi esse
movimento que você usou? Não dói?"
"O que? Claro que dói. Não é tão
doloroso quanto a morte; é a própria morte."
"A própria morte... Para matar seu
oponente, você deve provar a morte. Você entalha a morte de seu oponente em seu
próprio corpo... Isso é tão legal!"
Olhando para o garoto alegre, Hidan se
virou para Kakuzu e disse, "Aquele garoto está ferrado."
"Eu acho que você também está
ferrado."
"Que porra você acabou de
dizer?!" Hidan levantou a voz sem pensar, e o garoto começou a fazer mais
perguntas.
"A dor da morte não é insuportável?
Você não está com medo?"
"Hã? Eu sou um seguidor da fé
Jashin, garoto. Senhor Jashin me vigia e me protege. Depois de conseguir isso,
não há mais o que temer, é sério."
"Fé Jashin... Senhor
Jashin..." O garoto repetiu essas palavras para si mesmo mais de uma vez.
Então, como se tivesse encontrado uma resposta, ele levantou a cabeça.
"Ei! Eu quero me juntar à fé Jashin também! Como faço isso?"
Com essas palavras inesperadas, Kakuzu
murmurou, "Que idiota."
"Ei, o que diabos você quis dizer?!
A fé Jashin é a melhor, é a única religião verdadeira no mundo! Claro que as
pessoas podem participar!"
Apenas alguns segundos atrás, Hidan
disse que o garoto estava ferrado, mas ele insultou-se pessoalmente com o
comentário de Kakuzu e teve que se opor.
"Sim! Está certo! É claro que as
pessoas podem participar!" O garoto se uniu aos gritos, concordando com
Hidan.
"A única coisa em que você pode
acreditar é dinheiro", Kakuzu repetiu seu mantra. Então, ele perguntou ao
garoto, "Você, qual é o seu nome?"
Era raro Kakuzu perguntar o nome das
pessoas.
"Eu me chamo Hohozuki!"
Hohozuki. Hidan olhou para o garoto
novamente. Esse garoto era encantador em todos os sentidos. No entanto, este
era Hidan, ele era imperturbável, mesmo com os rostos das pessoas que ele matou
com seus rituais. Mas o garoto disse que queria se juntar à fé Jashin, e isso deixou
Hidan balançado.
Um aumento no número de seguidores de
Jashin é um grande evento. Se esse garoto quiser isso, ele teria que aprender
tudo em detalhes, desde os maravilhosos ensinamentos que deram origem à
religião até os rigorosos mandamentos.
Mas agora...
"Eu tenho que terminar minhas
orações por essa matança. Depois conversaremos."
Hidan se deitou sobre a marca da fé
Jashin, que ele havia desenhado anteriormente com seu próprio sangue.
"Um ritual de Jashin... observarei
daqui!"
Hohozuki manteve uma distância entre ele
e Hidan, e sentou, mantendo-se ereto. A postura adequada para observação.
"Faça isso rápido. Suas orações são
excessivamente longas."
"Não há conceito de longo ou curto
quando se trata de orações! Você tem um carma ruim, é sério."
"Bem, veja bem, matar é a base da
fé em Jashin. 'Matarás o teu próximo', 'Se alguém lhe der um tapa na bochecha
direita, arranque da esquerda do corpo o coração'. E há outros provérbios
como..."
Depois que o ritual 'excessivamente
longo' terminou, como Kakuzu disse, e as marcações únicas no corpo de Hidan
desapareceram, Hidan, com paixão ardendo em seus olhos, começou a pregar os
ensinamentos da fé Jashin a Hohozuki, que vigiou todo o ritual de Hidan.
"Hm, matar pessoas realmente as
salva, certo? Mas preciso ser forte para matar pessoas?"
"Certíssimo. Caso contrário, você
seria morto e não seria capaz de espalhar os grandes ensinamentos da fé Jashin
para o resto do mundo. Foi-me concedida a imortalidade, sobre as multidões de
sacrifícios que os nossos seguidores haviam feito, para que pudéssemos manter
os ensinamentos da fé Jashin para sempre."
Faz muito tempo desde que Hidan falou
sobre as doutrinas da fé Jashin. Enquanto ele continuava falando, ele foi
ficando cada vez mais empolgado. Mas havia alguém que estava ficando cada vez
mais frio.
"...Estou cansado de ouvir vocês
dois conversando. Vamos descansar."
Kakuzu jogou o cadáver da recompensa no
pé de um toco de árvore, e sentou-se nele. Ele fechou a boca e ignorou a
conversa que estava acontecendo, mas não aguentou, e se viu reclamando.
"Foda-se! Quantos dias você me fez
acompanhar você neste pequeno trabalho paralelo? Isso não é nada comparado a
isso! Além disso, você já conseguiu o que queria!", Gritou Hidan,
apontando para o cadáver.
Com isso, Kakuzu balançou a cabeça.
"A família desse cara também tem recompensas."
"Que porra você quer
dizer...?"
"Você está lerdo hoje... Estou
dizendo que também precisamos procurar a família desse cara."
"..Que porra é essa?!"
Hidan achava que eles estavam finalmente
saindo da floresta, mas, aparentemente, o jogo estava ganhando turnos extras.
"Você não pode estar falando sério!
Demoramos um monte de dias para encontrar esse filho da puta! Não vou mais
andar por aí!" Hidan queria sair dessa floresta maldita na qual ele mal
conseguia realizar um ritual decente.
"Você é um idiota", disse
Kakuzu.
"Quem diabos você está chamando de
idiota!?"
"O fato de encontrarmos a
recompensa aqui significa que o covil está próximo."
"Covil?"
"Ele provavelmente mora em algum
lugar próximo daqui. Há uma grande chance da família dele estar aqui."
Então, Kakuzu olhou para Hohozuki.
"Ei garoto. De onde você
veio?"
"Hã? Eu?"
"Uma criança não conseguiria morar
sozinha aqui, em uma floresta tão encravada nas montanhas. Existe uma vila
escondida nessas paragens?"
Hohozuki hesitou, seus olhos mudando de
um lado para o outro. Mas quando Hidan perguntou, "Bem?", Ele
assentiu, honestamente.
"Sim, existe... É sou dessa
aldeia... É logo ali", disse Hohozuki, apontando o dedo na direção da
vila. Hidan e Kakuzu tinham vindo dessa mesma direção.
"O que? Viemos de lá e não havia
vila."
"Mas, mas, mas existe!"
Não parecia que ele estava mentindo.
Quando Hidan voltou seus olhos confusos para Kakuzu, Kakuzu pegou o cadáver
deitado a seus pés e levantou-o, revelando o rosto do cadáver, coberto de
sujeira e sangue.
"Ele era dessa vila também?"
Hohozuki não se amedrontou com o
cadáver, e se aproximou para confirmar a identidade da recompensa.
Ele estreitou as sobrancelhas, apertou
os grandes olhos e pensou muito. Mas, no final, ele simplesmente inclinou a
cabeça em perplexidade.
"Hm, acho que ele pode ser da
vila... mas não me lembro de vê-lo por perto."
"A vila é tão grande?"
"Não, de jeito nenhum. De um modo
geral, conheço os rostos de todos os moradores. Se esse homem estivesse na
vila, eu também o conheceria, mas..."
Ele conhecia os rostos dos moradores e
acreditava que esse homem também era da aldeia, mas não conseguia se lembrar
dele. Hohozuki estava se contradizendo. A existência da vila, em primeiro
lugar, era altamente suspeita. Hohozuki conseguia compreender isso.
"Hum, se você quiser ir à vila, eu
posso te guiar até lá!"
Parecia que ele estava tentando dissipar
essa suspeita.
"Certo."
Hidan era a favor de dar uma olhada
rápida, mas Kakuzu era cauteloso.
"Essa nossa recompensa... Você nos
viu matando ele. Ele, um homem de sua própria aldeia. E você sabe que
planejamos matar a família dele também. Por que você ainda nos ajudaria?"
"Bem, porque eu quero me juntar à
fé Jashin! Para ser sincero, nunca gostei muito daquela vila..."
Hohozuki estava segurando algumas bolas
de lama e ele estava mexendo elas com certa inquietação.
"Então, você odeia sua vila, não
é?"
"Sim... Na verdade, minha aldeia
tem essas crenças compartilhadas que são muito parecidas com uma
religião."
"Crenças compartilhadas?"
"Limpe o passado, viva em
felicidade; essa é a base. Esquecer tudo que não é felicidade. Amar a paz,
transformar este lugar em paraíso na terra."
"Hm, entendo. Combina muito bem com
a minha própria religião, hein."
"Sim, exatamente!" Hohozuki
concordou com as palavras de Hidan. "Foi um amigo que me disse para morar
lá, então, eu cheguei lá por conta dele. Mas quando eu vi você, Hidan-san,
vivendo como você, mesmo com a dor da morte entalhada em seu corpo, isso me
atingiu! Eu quero viver da mesma maneira que você! Então, por favor, acredite
em mim!"
Hohozuki olhou Hidan, diretamente nos
olhos.
"...Primeiro, você vai nos levar
para a vila. Nós vamos acreditar em você depois disso", Disse Kakuzu de
lado, e Hohozuki assentiu.
Com o tronco de árvore como ponto de
partida, o menino começou a andar para o sul.
"O que vamos fazer, Kakuzu?"
Perguntou Hidan a Kakuzu, parecendo pouco animado, enquanto eles seguiam atrás
de Hohozuki.
"Chegamos até aqui. Nós vamos
coletar todo o dinheiro que conseguirmos."
"Ugh, sempre é dinheiro, dinheiro,
dinheiro, com você!"
Havia realmente uma vila à frente, como
Hohozuki havia dito. E a família que Kakuzu estava alvejando estaria lá.
Hidan estava completamente
desinteressado pelo dinheiro, mas se houvesse uma vila lá, ele seria capaz de
conduzir um massacre.
Nos últimos dias, ele apenas se
arrependeu e confessou seus pecados, sem oferecer nenhum sacrifício ao Senhor
Jashin. Se ele pudesse compensar isso agora, isso seria suficientemente bom para
Hidan.
"...Chegamos", Disse Hohozuki,
apresentando-lhes um penhasco íngreme.
Se alguém espiasse além do penhasco,
seria capaz de ver o rio correndo embaixo dele. O rio provavelmente formara
esse penhasco ao longo do tempo.
Os ventos que sopravam do vale eram
fortes e, ocasionalmente, traziam a água de baixo do penhasco para a floresta.
"...Não há nenhuma maneira de haver
uma vila aqui, caramba!" Gritou Hidan sem pensar.
"Mas existe!" Disse Hohozuki.
Ele mostrou a Hidan e Kakuzu as bolas de
lama que ele estava segurando e as jogou o mais forte que pôde em direção à
montanha oposta.
"O que você está fazendo?"
Eles forçaram os olhos para acompanhar
as bolas de lama, então, elas atingiram a montanha oposta... Não.
"Puta merda, elas
desapareceram?!"
No mesmo momento em que as bolas de
barro alcançaram a montanha oposta, elas desapareceram de vista.
"Pfft, uma ilusão..." Kakuzu
começou a olhar para o seu entorno de maneira mais aguçada, pensando que já
tinha entendido tudo.
"Ei, Kakuzu, o que diabos está
fazendo, hein!"
"Parece que baixamos as nossas
guardas e ficamos presos em uma ilusão. Por causa disso, a única coisa que
podemos ver é uma montanha."
Naquele momento, os fortes ventos do
vale começaram a subir.
Quando se postou na beira do penhasco,
quando a água do rio se juntou ao vento, a névoa tocou suas bochechas. Kakuzu
bufou e depois sussurrou para si mesmo, "Então, esta é a fonte."
"Você vai me dizer o que diabos
está acontecendo!?"
"Hm, quando a água do rio sobe, uma
fragrância que causa ilusões surge do leito do rio. A fragrância também tem um
efeito relaxante, por isso faz você pensar que o ar da floresta é fresco e
refrescante, deixando-o alheio ao fato de estar em uma ilusão."
Pensando nisso, a atmosfera da região
parecia perfeita demais. Kakuzu imediatamente formou um selo de mão.
"Liberação!"
Afastando a ilusão, Kakuzu olhou para a
montanha mais uma vez, e um olhar de compreensão surgiu em seu rosto.
"Então era isso..."
"Kakuzu! Deixe-me ver também!"
Reclamou Hidan desesperadamente.
"Liberte-se da ilusão você
mesmo", Resmungou Kakuzu, mas ainda sim libertou Hidan da ilusão.
"...Uau..." Hidan arfou com a
visão.
Havia um gigantesco buraco escavado em
metade da montanha, e havia casas alinhadas naquele buraco.
Havia uma sensação estranha no lugar que
faria Deidara, outro membro da Akatsuki, que não pensava em nada além de arte,
desejar alvejá-la imediatamente se ela a visse.
"As pessoas da vila chamam de
'Shangri-la'..."
Hohozuki estava tão alegre, mas quando
ele olhou para a vila, seus olhos ficaram escuros e embaraçados. Hidan
realmente não se importava.
"A família da recompensa pode estar
lá, hein. O que vamos fazer, Kakuzu. Nós vamos matar todo mundo?"
Se Hidan e Kakuzu unissem-se, não teriam
problemas em destruir uma vila desse tamanho. Mas Kakuzu não queria isso.
"Essas são circunstâncias
especiais. Exploramos a cidade, encontraremos o que procuramos e partimos com o
mínimo de danos."
"O que, você pode rastrear o cheiro
do dinheiro agora?"
"...Mais ou menos."
Hidan estava pronto para empunhar suas
armas, mas se eles tivessem que se disfarçar, ele teria que adiar seus rituais
também. Seu humor imediatamente azedou.
"Hm, as pessoas da vila sabem quem
é quem. Se você for assim, serão descobertos, eu acho", Disse Hohozuki a
Kakuzu, parecendo preocupado.
"Suponho que seria esse o caso, já
que a vila está evitando os olhos do público..."
"O que fazemos, Kakuzu."
Hidan estava prestes a propor
simplesmente entrar lá e matar todo mundo, mas Hohozuki entrou na conversa com
um, "Hm, bem...".
"Se você quiser, pode usar a
Técnica de Transformação (Henge no Jutsu) e se transformar em mim. Você estaria
seguro desse jeito", Disse Hohozuki, apontando para o próprio rosto.
Ao ouvir essas palavras, Kakuzu falou
consigo mesmo e formou selos de mão.
Nem um cabelo estava fora de lugar; eles
pareciam exatamente o mesmo. Ninguém saberia qual era o verdadeiro, mesmo que
ficassem lado a lado.
"Kakuzu, e quanto a mim?"
"Você não está apto para missões de
infiltração... Espere aqui."
Hidan imaginou que seria assim. Ele fez
cara feia, já entediado.
"Hm, o mapa da vila é bastante
complicado, você se perderá se não tiver um guia. Quando você entra na vila,
mais ao fundo, você verá o pilar de uma árvore. Por favor, caminhe até lá.
Então, um amigo meu, 'Ameyuki', deverá aparecer. E depois-"
Hohozuki agachou-se e começou a recolher
lama, amassando e moldando-a. Em questão de segundos, ele tinha uma grande bola
de lama, e a passou para Kakuzu.
"Se você der isso para Ameyuki,
acho que as coisas vão correr bem."
Kakuzu não tinha ideia do que era essa
bola de lama ou para que servia, mas a pegou mesmo assim.
"E? Onde fica a entrada da vila?
"
Parecia que entrar na vila por si só, no
meio da montanha, também seria difícil.
"Você pula."
Um método primitivo.
"Você está brincando comigo?"
"Se fizéssemos uma estrada para a
vila, outras pessoas notariam isso, e seria fácil para elas nos invadirem,
então não fizemos uma. Todo mundo da vila é um ninja de qualquer maneira,
então, eles podem pular com muita facilidade."
"O que, então, você também é um
ninja?"
Hohozuki não parecia um, mas esfregou as
duas mãos manchadas de terra e assentiu repetidamente.
"Hidan, cuide dele. Eu
voltarei."
Se não havia outro caminho para a vila,
ele não tinha escolha a não ser pular. Kakuzu saltou do penhasco, dando um
grande pulo. Ele seguiu exatamente o mesmo caminho que as bolas de lama,
jogadas por Hohozuki anteriormente contra a montanha.
"Ele viveu por muito tempo, sabe,
ele é muito útil, esse Kakuzu."
Kakuzu aterrissou perfeitamente e foi
direto para a vila, desaparecendo no buraco, nem sem sequer deu um aceno de
volta.
"É isso. Acho que estou em modo de
espera. Isso é péssimo."
"Hm, se você quiser, poderia me
contar mais sobre a fé Jashin?" Perguntou Hohozuki, esfregando o pescoço.
Desde que ingressou na Akatsuki, Hidan
estava cercado de ateus. Mesmo se ele falasse sobre a fé Jashin, suas palavras
entrariam por um ouvido e sairiam por outro.
"Bem, você não me deixa escolha!
Agora, veja você, sobre a fé Jashin..."
------------------------------------------
"...Que estruturas únicas."
Enquanto Hidan continuava falando sobre
a fé Jashin, Kakuzu havia entrado na vila.
Perto da entrada da vila, havia vários
homens que pareciam ser os habitantes e todos estavam fazendo selos de mão.
Esses homens foram, provavelmente, os
que aplicaram os efeitos ilusórios às águas do rio sopradas pelo vento. Se eles
estavam fazendo isso todos os dias sem descanso, eles eram um grupo bem
preparado.
Não dava para perceber do lado de fora,
mas esse buraco estendia-se muito mais longe do que se esperaria, e havia
vários prédios alinhados. Levaria um bom tempo para encontrar alguém em um
lugar como este.
O pensamento de Hidan ficando impaciente
e depois se enfurecendo surgiu na mente de Kakuzu, mas Hidan poderia falar
sobre a fé Jashin se aquele garoto Hohozuki estivesse com ele, então, Kakuzu
imaginou que ele tinha um pouco mais de tempo.
Um pouco mais à frente da entrada da
vila, como Hohozuki havia dito, um grande tronco de árvore que funcionava como
um pilar, mantinha a sustentação do buraco. Era a espinha dorsal da vila,
basicamente.
Ele deveria estar aqui, o amigo de
Hohozuki ou o que quer que fosse acontecer. Kakuzu, desconfortável e ainda
assumindo a aparência de Hohozuki, deu uma olhada nos arredores.
"...Hohozuki."
De repente, ele ouviu uma voz da sombra
da árvore chamando por ele, e se aproximando dele.
Quando ele olhou na direção da voz, viu
uma pessoa com pele morena e cabelos prateados. A pessoa tinha um físico
elegante e Kakuzu não sabia dizer se era um menino ou uma menina. A pessoa era
andrógina, sem dúvida, mas Kakuzu acreditava que era um menino. Ele parecia ser
um pouco mais velho que Hohozuki.
"Ameyuki?"
Quando Kakuzu clamou esse nome, o garoto
parou, observando Kakuzu cuidadosamente. Sua linha de visão foi para a bola de
lama que Kakuzu segurava. Kakuzu fez o que Hohozuki disse e entregou ela. Ele
podia sentir o chakra vindo da bola de lama.
O garoto pegou a bola de lama e a
esmagou imediatamente. O chakra que estava preso dentro dela entrou no corpo do
menino.
"...Entendo. Então, é disso que se
trata."
Aparentemente, esta bola de lama estava
sendo usada como uma ferramenta de comunicação.
"Compreendo. Sou Ameyuki... Amigo
de Hohozuki."
Ele abaixou a cabeça.
"Eu serei seu guia", Disse
ele, e depois começou a andar.
Kakuzu não sabia exatamente o que
Hohozuki havia dito a Ameyuki, mas Ameyuki parecia educadamente tratá-lo como
um hóspede.
Mas Kakuzu também não era tão ingênuo a
ponto de confiar completamente em Hohozuki e esse garoto chamado Ameyuki.
"Você duvida da minha sinceridade
em ajudá-lo...?"
Comparado a Hidan e Hohozuki, esse
garoto era muito bom em ler pessoas.
"É simples... Não tenho vontade
própria... Apenas continuo vivendo, como deseja Hohozuki... Quando você olha
profundamente dentro de mim, não vê nada... Sim, é isso... Sou um vaso
vazio..."
Ele era como um fantasma vivo, e as
palavras que saíam de seus lábios não eram nada.
O que ele disse não se parecia muito com
o que Hohozuki havia dito a Kakuzu, então, Kakuzu perguntou, "...Hohozuki
disse que ele estava morando aqui porque um amigo havia dito para ele?"
"Morar na vila... Isso também foi
por vontade de Hohozuki... Porque... Eu não sou nada, se não Ameyuki..."
A resposta de Ameyuki não foi uma
resposta. Coisas incompreensíveis eram as únicas que saíam da boca desse
garoto.
"Não se preocupe... Apenas cumpra
seu papel e encontre o que está procurando..."
Havia pouca luz nessa caverna, o que a
fazia parecer sombria, mas os moradores estavam indo e vindo com sorrisos
vivos.
"Cara, que dia tranquilo."
"Continue olhando para o
futuro!"
"Não é maravilhoso estarmos todos
vivos hoje?"
Sempre que os aldeões se encontravam,
diziam essas coisas.
"...Eles estão falando muito sério
sobre essa coisa de paz e felicidade."
Se ele tivesse trazido Hidan, ele
definitivamente o teria perdido.
"Essas são as crenças
compartilhadas da vila... Limpe o passado, viva a felicidade..."
"Você é fiel a tudo isso?"
"Quem sabe... Hohozuki é a única
coisa que eu sei ... Eu realmente não o conheço, mas..."
"Mas?"
Ameyuki virou-se em silêncio e voltou o
olhar para as florestas verdejantes em frente à caverna.
"Hohozuki disse que não conhecia o
rosto do homem que vocês mataram... Eu me pergunto se isso é verdade...
'Shangri-la' ou tudo o que não existe", Ameyuki cuspiu, seus olhos ficando
embaraçados quanto a poeira. "Este é... O Vale das Mentiras."
------------------------------------------
"...E como você pode ver, os
ensinamentos da fé Jashin são a melhor coisa que já existiu."
Enquanto Kakuzu investigava
'Shangri-la', Hidan e Hohozuki haviam retornado ao toco da árvore gigante.
Hohozuki havia dito a Hidan que ele poderia ser pego novamente na ilusão se
ficasse próximo do penhasco.
Hohozuki ficou empolgado com tudo o que
Hidan disse e ele falou coisas apaixonadas como, "Quero me converter ainda
mais!"
"Mas, ei! Matar é muito difícil,
certo...? Acho que eu seria morto pelas pessoas que desejam a paz."
"Esses filhos da puta não serão um
problema se você matá-los, esses idiotas superficiais que falam de paz? Eles
não existem", Zombou Hidan e continuou, "Há muito tempo, eu estava
cercado por esses malditos ateus pacifistas. Eles evitavam brigas e eram todos
covardes que tinham medo de machucar as pessoas. Esses idiotas só sabem
falar."
"Sério?"
"Claro que é", disse Hidan,
assentindo. "Eu me cansei desses idiotas pacifistas, e quando eu brandi
minhas presas, você sabe o que eles fizeram? Eles tentaram me matar. Se eles
realmente amavam a paz e odiavam brigar, deveriam apenas rolar e morrer à minha
mercê, sério."
Com a história de Hidan, um olhar de
revelação apareceu no rosto de Hohozuki. "Isso é verdade", Ele
assentiu.
"Aqueles filhos da puta estavam
apenas reforçando seus desejos de um mundo seguro e livre da morte de outras
pessoas. Quando isso foi ameaçado, todos concordaram em matar! Se você quer
escapar do medo da morte, você deve morrer."
Mas havia um problema, porque se todos
morressem por suas próprias mãos, não haveria ninguém para oferecer como
sacrifício ao Senhor Jashin.
"Para salvar as pessoas do medo da
morte, não temos escolha a não ser matá-las..."
Hohozuki estava digerindo as palavras de
Hidan, pensando cuidadosamente.
Os dois estavam tão envolvidos em
conversas que nem perceberam que já era noite. Kakuzu ainda estava procurando a
família da recompensa?
Aquele desgraçado ganancioso nunca muda,
pensou Hidan.
"Falando nisso..." Falou
Hohozuki, "Hm, você matará teu próximo... Hidan-san, isso significa que
você terá que matar Kakuzu-san também?"
Kakuzu era provavelmente, como Hohozuki
sugeriu, a pessoa mais próxima de Hidan. Mas tudo o que Hidan disse foi,
"Ele não é meu 'próximo', cara."
"Ele não é seu próximo?"
"Esse desgraçado e eu somos
completamente diferentes. Nós não somos próximos ou o que seja."
Ao ouvir isso, o corpo de Hohozuki
começou a tremer. Então, ele assentiu, se recompondo, como se tivesse acabado
de receber a afirmação de que precisava.
"Isso mesmo... Hidan-san e...
Kakuzu-san... São diferentes... Assim como eu... E Ameyuki..."
Hohozuki estreitou os olhos e sorriu.
Ele virou os olhos na direção do penhasco. "Ei, acho que Kakuzu-san
voltará em breve."
Sem tempo para perguntar como ele sabia,
quando Hohozuki terminou de falar Kakuzu voltou. Mas ele estava de mãos vazias.
"Ah, cara. Eles não estavam
lá?"
"Olhei todos os rostos dos
moradores, mas até onde vi, não consegui identificar ninguém da família do
cara".
Se fosse esse o caso, significava que
não tinham mais negócios nessa floresta. Hidan olhou para a recompensa a seus
pés. Ele queria matar todos na aldeia, mas se eles não pegassem a recompensa
logo, o corpo iria decompor. Afinal, sair dessa floresta levaria alguns dias.
"Certo então. Vamos sair dessa
floresta", Disse Hidan,
levantando-se.
"Não... Vamos acampar aqui hoje à
noite. Partimos ao nascer do sol", Disse Kakuzu. Ele ainda queria ficar
aqui.
"O que!? Não temos mais negócios
nessa floresta! Esse cara vai apodrecer aqui, cara!"
Hidan apontou para o cadáver para
defender sua opinião, mas Kakuzu simplesmente o ignorou e começou a montar
acampamento.
"Hm, acho que vou me despedir
também. Eu te vejo quando você sair amanhã! Até mais!"
Hohozuki curvou-se, abaixando a cabeça e
depois correu em direção ao penhasco.
"...Ele gosta de você."
"Isso significa que os ensinamentos
da fé Jashin são impressionantes, cara", Gabou-se Hidan, estufando o
peito.
Kakuzu ouviu nada mais que um zumbido.
Ele voltou seu olhar para a direção do penhasco, para onde Hohozuki havia ido
e, ao fazê-lo, disse, "Amanhã vamos matar aquele garoto e seu amigo
Ameyuki antes de partirmos."
Essas palavras fizeram Hidan piscar
algumas vezes.
"Quê? Pra quê isso?"
"Eles sabem muito sobre nós."
"Bem, sim, hm. Mas, já que vamos
matá-los, não deveríamos ter feito isso agora?"
Houveram muitas chances de Kakuzu matar
o garoto que conhecerá na vila, Ameyuki, e também de Hidan matar Hohozuki, que
esteve com ele esse tempo todo.
Kakuzu olhou para a recompensa.
"Na primeira busca, não consegui
encontrar a família desse cara... Mas notei que alguns moradores estavam
inquietos, perambulando por aí."
"Em todo o mundo, existem pessoas
que vagam sem descanso, cara."
Hidan não viu a necessidade de se
aprofundar nisso.
"Essa vila é única. Todos na vila
falam sobre felicidade, e qualquer coisa negativa é encoberta e
escondida."
"Que diabos. É assustador, é isso
que é."
"Mas, entre eles, vi pessoas agindo
como se estivessem procurando por alguém, e elas gritavam ansiedade."
"Você poderia matá-los."
Hidan estava ficando cada vez mais
confuso, e ele cruzou os braços e inclinou a cabeça. Onde Kakuzu queria chegar?
"...Vamos dar uma olhada na vila
hoje à noite. Dessa forma, veremos o vale como realmente é."
Hidan não sabia quais eram as
verdadeiras intenções de Kakuzu, mas sabia que Kakuzu estava animado. Talvez
ele tenha tido uma premonição relacionada ao dinheiro.
Matar pessoas por dinheiro é contra os
ensinamentos da fé Jashin, mas se Kakuzu estava se movendo por dinheiro, a
batalha certamente se seguiria.
"...Contanto que eu me solte, tanta
faz, cara."
O sol se foi e a floresta estava
envolvida em uma escuridão impenetrável mesmo ao luar.
Hidan estava em cima de um galho de
árvore, sentado e encostado no tronco da árvore e descansando, quando de
repente ouviu alguém chamar seu nome.
"'Nn...? Que porra você
quer..."
Ele esfregou os olhos e se preparou para
soltar um bocejo alto. Nesse momento, Kakuzu pulou para a árvore em que Hidan
estava e colocou a mão na boca de Hidan.
"Mmph!"
"Veja."
Hidan não estava disposto a seguir
ordens, mas voltou sua linha de visão para onde Kakuzu estava apontando e
percebeu o que estava acontecendo.
Havia várias luzes. Alguém estava aqui.
Se eles levantasse os ouvidos, podiam ouvi-los conversando.
"Ele nunca fica de fora por tanto
tempo... Algo deve ter acontecido com ele..."
"Pare de ser tão negativo! Nós o
encontraremos, todos nós."
"Está certo. Além disso, o que você
acha que nós, moradores de Shangri-la, somos, hein?"
Hidan afastou a mão de Kakuzu e olhou
para as pessoas abaixo mais uma vez. Eles seguravam tochas e aparentemente
procuravam alguém.
"Eles provavelmente são parentes da
recompensa..."
"Nossa recompensa? Você tem certeza
disso?"
As tochas que as pessoas seguravam
também iluminavam os seus rostos.
"Seus rostos não batem."
"Hã?"
"Eu vou resolver isso."
Kakuzu segurou sua capa da Akatsuki com
a mão e a tirou. Havia quatro máscaras nas costas dele.
"...Ei! Lá! Tem um corpo no pé
daquela árvore..."
"Não... Não pode ser... Querido!"
Os aldeões encontraram o cadáver deitado
ao lado do tronco de árvore. Escondido sob os gemidos que ressoavam pela
floresta, soava um som de fios se partindo quando um dos 'corações' de Kakuzu
rompeu sua carne, saltando para fora dele.
Inúmeros fios pretos enrolaram-se para
dar forma. Era o Medo da Terra em Crise (Jiongu), uma técnica proibida da vila
de Kakuzu, a Vila da Cachoeira.
"O que... O que é esse
chakra...?"
Sentindo o chakra ameaçador de Kakuzu,
os moradores ergueram a cabeça e
avistaram Hidan e Kakuzu, mas Kakuzu foi ainda mais rápido e já havia formado
os selos de mão.
"Liberação de Relâmpago: Falsa
Escuridão (Raiton: Gian)!"
Naquele momento, um clarão atravessou a
floresta.
"...Morte instantânea, sério?"
"Você demorou muito."
O raio atingiu os aldeões diretamente e,
incapazes de fazer qualquer coisa, eles simplesmente morreram. Uma morte
instantânea.
Hidan desceu da árvore e olhou para os
rostos dos moradores. Ele notou algo imediatamente. "Ei, que porra é essa.
Seus rostos mudaram."
Hidan olhou brevemente quando as tochas
iluminaram os rostos, mas ele sabia que os moradores caídos, todos eles,
tiveram seus rostos alterados.
Kakuzu olhou para o rosto da mulher que
havia corrido até o cadáver da recompensa.
"Não há como errar... Esta é a
família da nossa recompensa."
"O que diabos isso significa?
Muitas coisas estranhas estão acontecendo por aqui."
Kakuzu ignorou a pergunta de Hidan e foi
olhar os rostos dos outros moradores que acompanharam essa mulher.
"...Exatamente como eu pensava... É
isso que está acontecendo... 'O Vale das Mentiras'... Que apto."
"Ei, Kakuzu! Me explique essa merda
agora mesmo!" Gritou Hidan, perdendo a paciência.
Kakuzu finalmente se virou para olhá-lo.
"Hidan, todas essas pessoas estavam vivendo suas vidas sob a Técnica de
Transformação (Henge no Jutsu)."
"Técnica de Transformação? Mas por
que?"
"Porque. Todos eles são
recompensas."
"Hã?"
Hidan não reconheceu os rostos das
recompensas, mas mesmo assim olhou para os cadáveres novamente.
"Eles provavelmente estavam com
medo de viver com um alvo nas costas, fugiram da civilização para essa profunda
floresta e construíram a vila."
Kakuzu parecia entender tudo claramente,
mas Hidan ainda estava confuso. Ele apontou para a primeira recompensa que eles
mataram. "Mas você reconheceu esse cara."
No momento em que este homem apareceu e
Hidan foi atrás dele, Kakuzu soube que ele era uma recompensa. Isso significava
que ele não estava usando a Técnica de Transformação.
"Pense no que o pirralho disse,
quando viu esse homem."
O pirralho em questão era Hohozuki.
Hidan tentou se lembrar do que ele havia dito.
'Hm, acho que ele pode ser da vila...
mas não me lembro de vê-lo por perto.'
'Se esse homem estivesse na vila, eu
também o conheceria, mas...'
"Provavelmente a recompensa liberou
a Técnica de Transformação quando ele saiu da vila. Foi quando ele nos
encontrou."
E dessa forma Kakuzu soube que ele era
uma recompensa. Por outro lado, Hohozuki, que só conhecia o rosto desse homem
sob a Técnica de Transformação, não sabia quem ele era.
"Por que diabos ele liberaria a
Técnica de Transformação?"
"Viver uma vida falsa pode ser
sufocante, ele provavelmente queria fugir por um tempo. No final, ninguém pode
escapar do seu passado."
"Uhhh..."
Mesmo depois de ouvir Kakuzu, Hidan
ainda não conseguiu engolir essa explicação meia-boca. A única coisa que ele
sabia com certeza era que a vila estava repleta de recompensas.
"Então você quer dizer que a vila é
uma...?"
"É uma mina de ouro".
------------------------------------------
Hidan e Kakuzu foram até a beira do
penhasco, banhado pelo luar. Hidan apertou o colar de Jashin com os lábios e
fez uma oração ao Senhor Jashin com um sorriso no rosto.
"Pode haver recompensas de grandes
valores também. Não abaixe a guarda. Você morrerá."
"Heh. Se eles pudessem me matar, eu
deixaria, Kakuzu."
Com essa deixa, os dois decolaram.
"Tudo bem! Senhor Jashin! Eu vou
matar todos esses filhos da puta! Cada um deles!"
Hidan chegou na vila, gritando. Havia
vários ninjas lá, ainda aplicando os efeitos ilusórios ao rio para esconder a
vila. Quando viram Hidan, todos entraram em posições de luta, prontos para
atacar.
"Quem é você!?"
Mas esses eram idiotas inexperientes e
amantes da paz, que geralmente só fugiam das batalhas. E, sem intenção de
iniciar um ritual ali mesmo, Hidan simplesmente levantou a foice de três
lâminas e cortou a cabeça deles.
"Heh."
Junto com suas mortes, a Técnica de
Transformação foi liberada. Os rostos mudaram enquanto as cabeças rolaram.
Kakuzu também estava matando outros
moradores sob a Técnica de Transformação. Para Kakuzu, que reconheceu os rostos
de todas as recompensas, ver a liberação das Técnicas de Transformação o deixou
muito animado.
"Hidan, vou atrás do líder da
vila... Há uma grande chance de haver uma grande recompensa por sua cabeça, já
que ele ocupa uma posição tão importante."
"Mas eu quero matar esse filho da
puta também!"
"Há outro alvo mais adequado para
você."
"Hã?"
Um grande ponto de interrogação sobre as
palavras de Kakuzu surgiu na cabeça de Hidan e, naquele momento, um rosto
familiar apareceu diante dele.
"Hidan-san..."
Foi Hohozuki. O garoto que disse que
queria se juntar à fé Jashin. Ele provavelmente ouviu a comoção e veio correndo
para cá. Bem ao lado dele estava Ameyuki. Foi a primeira vez que Hidan o viu.
Hohozuki estava olhando diretamente para
Hidan e, de repente, ele parecia não ser diferente dos outros moradores que estavam
andando por aí, tentando escapar da repentina invasão.
"...Eu vou fazer um ritual
adequado, espere!" Hidan segurou sua foice e correu na direção dele.
"Começando com você!"
A lâmina foi direto para Ameyuki, que
estava parado atrás de Hohozuki. As lâminas atravessaram a cabeça de Ameyuki.
"...Porra!?"
Em circunstâncias normais, o crânio
rachava e o sangue e cérebro jorravam para fora. Mas, nada disso aconteceu. Em
vez disso, Hidan sentiu como se tivesse acabado de cortar um bocado de terra.
"...É um clone!?"
O corpo de Ameyuki se transformou em uma
porção de terra e se desfez.
"Uma técnica de Iwa...?"
Os ninjas de Iwagakure eram versados
nas técnicas da Liberação de Terra, e Hidan imaginou que essa era uma
variação da Técnica do Clone de Rocha (Iwa Bunshin no Jutsu). No entanto, o
clone de Ameyuki não desapareceu da mesma maneira que um Clone de Rocha,
mantinha uma forma sólida, semelhante a um Clone de Areia (Suna Bunshin).
"Porra, eu não sou bom nessa merda
de análise..." Murmurou Hidan. Ele se virou para Hohozuki e viu que sua
aparência também estava mudando. "...Quê porra é essa?"
A aparência de Hohozuki estava se
transformando na do clone que Hidan acabara de destruir: Ameyuki.
"Quem diabos é você."
O garoto que supostamente era Hohozuki
olhou para as duas mãos com olhos vazios. A vida gradualmente parecia retornar
àqueles olhos, e Hidan podia sentir o chakra fluindo dele.
"...Você deve estar brincando
comigo."
Hidan podia sentir um tipo estranho de
chakra, que ele nunca havia sentido antes.
"Eu sou... Ameyuki..." Disse o
garoto que um dia foi Hohozuki. "Desde aquele dia, vivo a vida como
Hohozuki... Quero dizer, eu sou vazio..."
"Hã?"
"Hidan-san... Esse tempo todo, eu
moro nesta vila sob o disfarce de meu amigo Hohozuki... Eu mantive um clone de
mim mesmo ao meu lado..."
Nesse caso, aquele olhos brilhantes que
ouviram os ensinamentos da fé Jashin eram desse garoto, de Ameyuki, o tempo
todo.
"Enquanto eu sou eu, eu também
existo como uma mentira, como outra pessoa... Esseera um clone, Ameyuki... E
você o matou... Agora, eu sou o verdadeiro Ameyuki novamente..." Com isso,
Ameyuki fechou o punho. "Você... Você me libertou!"
De repente, Ameyuki juntou as duas mãos
e formou selos de mão. Ele não se incomodou em esconder sua intenção de matar,
deixando-a atingir Hidan com força total.
"Oh, esse é o caminho,
garoto!"
Hidan levantou a foice e apontou para
Ameyuki.
Ameyuki bateu as duas mãos no chão na
tentativa de se proteger, gritando: "Liberação de Lama: Parede de Lama
(Deiton: Deisuiheki)!"
"Lama!?"
Foi a primeira vez que Hidan soube de
uma Liberação de 'Lama'.
A parte do solo em que Ameyuki tocou
estava se transformando em lama. Então, uma parede se ergueu, transformou-se em
água barrenta e atingiu Hidan.
"Gah! Cara, isso é nojento!"
Atingido pela água barrenta, Hidan estava
coberto de lama por toda parte. Além disso, a lama se agarrava a seu corpo e
lentamente endurecia.
"Eu finalmente fui libertado! É por
isso que... Você... É você que eu respeito acima de todos os outros... Você,
que é meu 'próximo'... Eu devo te matar! Liberação de Lama: Vazio Profundo de
Lama (Deiton: Deiteimu)!"
Ameyuki continuou atacando Hidan, cujos
movimentos estavam diminuindo e diminuindo.
"Porra!"
Uma sensação de afundamento tomou conta
do corpo de Hidan, e rapidamente, e quando Hidan olhou para seus pés, o local
em que ele estava parado havia se transformado em lama - transfigurado em um
pântano sem fundo. Um número incontável de mãos estendeu a mão dentro da lama,
agarrando o corpo de Hidan e puxando-o para as profundezas do pântano.
"Merda!"
Da manga de suas roupas, Hidan puxou um
pedaço de corda. Ele o balançou e o amarrou em torno de uma saliência em uma
casa próxima. Então, com força pura e bruta, Hidan puxou.
"Que porra é essa de Liberação de
Lama, seu pedaço de merda!"
Ele parou no telhado da casa e, quando
olhou para o lamaçal, percebeu que estava ficando cada vez maior. Parecia a
entrada para o mundo inferior.
Se tivesse sido Kakuzu, ele já teria
analisado e calculado a situação, mas este era Hidan, que não era qualificado
nesse aspecto. No entanto, havia uma coisa que ele entendeu.
"É uma Kekkei Genkai (Limite de
Linhagem Sanguínea), hein..."
Uma Kekkei Genkai: habilidades
hereditárias, atingíveis apenas através do sangue transmitido da geração
anterior de sua família. Eles eram habilidades incomparáveis que enfrentavam
os extremos das emoções humanas; inveja, ódio... Muitos se esforçaram para
fazer com que os nascidos com Kekkei Genkai parecessem diferentes.
Outro membro da Akatsuki, Uchiha Itachi
do Sharingan, da Vila da Folha, também tinha uma Kekkei Genkai. Hidan soube que
ele havia matado todo o seu clã, seus companheiros Uchiha.
"É isso mesmo... Eu uso as
Liberações de Água e Terra para dar à luz uma Liberação de Lama... Chamar isso
de Kekkei Genkai é o mais correto, mas o ninja mais forte e mais elogiado,
Senju Hashirama, também usou Liberações de Água e Terra para criar seu próprio
poder único, a Liberação de Madeira (Mokuton)..."
A Liberação de Madeira: uma liberação
superior e renomada que ninguém jamais poderia duplicar. O que Ameyuki estava
usando era a Liberação de Lama.
"Para usar nossa Kekkei Genkai,
minha família teve que rastejar no solo sujo... Todos ao nosso redor riram de
nós por isso..." Ameyuki olhou para suas próprias mãos manchadas de lama.
"Eu fui ridicularizado também, e o único que foi legal comigo... Foi
Hohozuki... Mas..."
O chakra de Ameyuki se dividiu e cresceu
mais uma vez. "Liberação de Lama: Boneco de Lama (Deiton: Doro
Ningyō)!"
Do redemoinho de lamaçal surgiram
inúmeros Bonecos de Lama na forma de humanos. Hidan era o alvo principal desses
bonecos de lama, e eles escalaram as paredes do prédio para alcançá-lo, no
telhado.
"Bem, maldição."
Hidan cortou eles com sua foice, um após
o outro, mas sempre que ele cortava essas bonecas de lama, eles voltavam a
crescer seus braços e pernas. Eles continuaram subindo, até finalmente cercarem
Hidan.
"Sheeh, que porra vocês
são...!?"
Quando os bonecos de lama alcançaram
Hidan, forçaram a lama pela boca e pelo nariz, como se quisessem cobri-lo.
Hidan engasgou.
A lama nojenta encheu sua boca e forçou
seu caminho pelas vias aéreas. Hidan não conseguia respirar. Todo o seu corpo
estava preenchido e coberto de lama.
"Ngah...!"
Hidan brandiu sua lança e perfurou seu
pulmão.
"Hah!"
Seu pulmão cuspiu sangue misturado com a
lama, que havia sido forçada pelas suas vias aéreas. "...Caramba, isso dói
pra caralho! Droga, inferno, este é um tipo diferente de dor, droga!"
Enquanto ele continuava reclamando, mais
bonecos de lama continuavam aparecendo no lamaçal, um após o outro, e eles
continuavam indo atrás de Hidan.
Hidan se levantou do telhado e se lançou
contra Ameyuki, removendo a lança do pulmão. "Foda-se! Você!"
Ameyuki se moveu para fazer mais selos
de mão, mas Hidan foi mais rápido e, antes que Ameyuki pudesse terminar seus
selos, a ponta da lança de Hidan arranhou sua bochecha. Sua pele rasgou e
sangue espirrou.
Havia sangue na ponta da lança. Hidan lambeu.
Imediatamente, os padrões monocromáticos
subiram à superfície do corpo de Hidan.
Hidan usou o sangue que escorria de seu
pulmão, e no solo ele desenhou o símbolo da fé Jashin. "Hahahaha! Os
preparativos estão concluídos..."
"Liberação de Lama: Vazio Profundo
de Lama (Deiton: Deiteimu)!"
Hidan pensou que seria o fim, mas
Ameyuki usou sua técnica novamente.
"Aceite! O solo...!?"
O solo em que Hidan desenhara o símbolo
de Jashin desmoronou e virou lama. Mesmo que Hidan se afastasse do lamaçal e
tentasse desenhar o símbolo novamente, Ameyuki simplesmente apontaria seu
lamaçal para lá e transformaria o chão em lama novamente.
"Huuuuuuuh !? Você deve estar de
sacanagem!"
Foi só então que Hidan percebeu: Ele
era, possivelmente, o oponente menos qualificado para enfrentar a Liberação de
Lama.
Ameyuki levantou os dois braços
lentamente e sua boca se abriu. "Mostre-me mais... Deixe-me vê-lo oferecer
orações ao Senhor Jashin..."
Sentindo a sede de sangue em cima dele,
Hidan se afastou reflexivamente. Em um instante, os Bonecos de Lama caíram
sobre o local em que Hidan acabara de estar.
Era uma vila escavada na montanha. Os
tetos, as paredes... Tudo era feito de pedra e terra. O teto começou a se
transformar em lama também, e os rostos dos bonecos de lama apareceram nele
também. Empurrados pela gravidade, eles caíram.
"Malditos bonecos de lama!"
Mesmo assim, Hidan estava pronto para
enfrentar o desafio, mas então ouviu uma voz, "Hidan."
Quando Hidan se virou para olhar, viu
Kakuzu em pé no telhado, carregando um homem desconhecido nas costas.
"Kakuzu! Me dê uma mão aqui!"
"Eu matei o líder da aldeia, mas há
uma grande chance de haver outras recompensas de grande valor aqui... Temos que
matar todos eles. Há mais aldeões do que eu pensava, isso levará algum
tempo."
O homem nas costas de Kakuzu
provavelmente era o líder da vila que ele falou.
"Idiota! Apenas use suas malditas
técnicas e esmague toda esta vila!"
"Você é um idiota. Se eu fizer mais
danos do que o necessário e eles se tornarem irreconhecíveis, não podemos
resgatar o dinheiro."
"Sim, bem, eu acho... Merda, você
não pensa em nada além de dinheiro, hein?"
Kakuzu deu um pulo e pousou ao lado de
Hidan. "Não faz sentido você lutar aqui. Volte para a floresta. Você
morrerá."
Hidan pensou que Kakuzu o ajudaria a
fugir, mas pelo contrário, Kakuzu saltou novamente, mirando outros moradores e
deixando Hidan sozinho.
Hidan sorriu e depois gritou para Kakuzu
enquanto fugia: "Obrigado por me lembrar!, Kakuzu!"
Hidan saltou sobre os Bonecos de Lama,
correndo direto para a entrada da vila e depois pulou na direção do penhasco
oposto, onde estava a floresta. Ameyuki perseguiu, aterrissando na floresta
também e, em seguida, reiniciando sua técnica Vazio Profundo de Lama.
A terra em que as árvores da floresta
foram plantadas se transformou em lama. As árvores caíam uma após a outra,
flutuando no mar de lama.
"Eu não vou deixar você fugir,
Hidan-san...! Todo pedaço de terra se tornará lama... Enquanto você estiver na
terra, não poderá escapar de mim!"
Hidan continuou correndo, evitando a
lama, evitando as árvores caídas. Hidan teve que admitir, parecia inútil. Mas
então, algo chamou sua atenção.
Hidan olhou para trás e, depois de
verificar que havia criado uma certa distância entre ele e Ameyuki, ele
perfurou a lança na própria mão. Como se estivesse arrancando algo, ele girou a
lança, fazendo uma grande ferida e o sangue jorrou.
"Hidan-san, vamos acabar com
isso!"
Ameyuki juntou as mãos para fazer mais
selos. Mas naquele momento, uma dor insuportável percorreu a perna de Ameyuki.
Seu joelho dobrou e ele caiu no chão, numa mistura de lama e terra. Ele
levantou a cabeça.
"Os preparativos estão
completos!"
Hidan se esfaqueou na coxa e, embaixo
dos pés, estava o símbolo de Jashin desenhado... No toco de árvore gigante.
Esse toco de árvore gigante era um lugar
para eles se sentarem, e um marco nessas florestas, e agora, Hidan o havia
usado como algo para desenhar o símbolo de Jashin.
"Kakuzu, cara, você sabe falar em
círculos."
'Não faz sentido você lutar aqui. Volte
para a floresta.'
Essa foi uma dica. Traçar a marca no
toco de árvore gigante, era o que Kakuzu estava querendo dizer. E então, quando
obteve uma boa distância de vantagem, Ameyuki baixou a guarda, permitindo que
Hidan puxasse a lã sobre os olhos.
Hidan puxou a lança e a posicionou sobre
o lado esquerdo do peito. Foi a vitória de Hidan.
"Eu não esperava nada menos,
Hidan-san..." Ameyuki sorriu calmamente enquanto olhava para Hidan.
"Eu vou te foder tanto com a dor da
morte!"
"Sim... É exatamente isso que eu
quero..."
Suportando a dor na perna, Ameyuki se
levantou e sentou-se, mantendo uma postura perfeita.
"Eu fui desprezado por todos, e quem
me salvou disso foi Hohozuki... Mas um dia, um grupo de ninjas que queria fazer
negócios com comerciantes de escravos veio à vila em que eu morava e eles
levaram as mulheres da vila e crianças... Hohozuki era uma dessas
crianças..."
Ameyuki olhou para longe ao se lembrar
dos eventos daquele dia.
"Para salvar Hohozuki, usei as
técnicas de Liberação de Lama... Destruí o inimigo... Isso foi o suficiente
para colocarem uma recompensa sobre a minha cabeça... Mas os ninjas não eram os
únicos que queriam minha cabeça..." Disse Ameyuki, com seus olhos
perspicazes. "As pessoas da minha própria vila que viram meus poderes
ficaram assustadas e tentaram me matar..."
Era uma história comum. Foi uma das
injustiças que infestaram este mundo.
"Hohozuki encontrou, ele ouviu
histórias deste lugar, 'Shangri-la'... Ele ouviu que poderíamos jogar fora
nosso passado, esquecer tudo e viver em felicidade... Mas, na noite em que
planejamos fugir, os moradores suspeitaram de nossa traição e mataram Hohozuki..."
Uma lágrima caiu do olho de Ameyuki.
"Eu queria morrer com ele, mas
Hohozuki me disse para olhar para o futuro e viver, então eu vim para
'Shangri-la' sozinho... Mas mesmo assim... Não há como eu esquecer Hohozuki e o
fato de que ele morreu por mim... Não há como viver em felicidade no 'Vale das
Mentiras'..."
Mesmo quando as lágrimas escorriam de
seus olhos, Ameyuki sorriu.
"Hohozuki morreu por minha causa,
ele, que me ensinou sobre a luz... Mas agora, eu posso morrer por sua mão,
Hidan-san, você que me mostrou a luz... Eu posso me tornar um sacrifício ao
Senhor Jashin..."
Ameyuki ficou encantado com essa
perspectiva, encantado com todo o seu coração. Hidan podia sentir isso.
"Hidan-san, posso apenas pedir uma
coisa? Há pessoas que eu quero sacrificar ao Senhor Jashin..."
"Pessoas que você quer
sacrificar?"
"Sim..."
Antes mesmo de Hidan responder, Ameyuki
fechou os olhos e juntou as mãos.
"Matarás o teu próximo..."
Ameyuki começou a formar selos de mão.
Era uma combinação muito mais complicada de selos de mãos do que os que Ameyuki
havia usado até agora, e ele os formava sem uma única pausa ou erro. O chakra
envolveu todo o seu corpo.
"Antes de tudo, os próximos que
preciso matar são essas pessoas! Liberação de Lama: Chão de Lama (Deiton: Jiban
Deika)!!" Ameyuki levantou-se de supetão e estendeu as mãos, à frente da
floresta, na direção da vila.
Hidan só podia adivinhar o que Ameyuki
estava fazendo, ele saltou para uma árvore. Da árvore, ele podia ver a vila,
'Shangri-la'.
"Puta merda..."
Em um único momento, a montanha em que
Shangri-la estava desmoronou. As pedras e a terra que sustentavam Shangri-la se
transformaram em lama macia e sem forma, e a vila inteira desmoronou, engolida
pelo profundo rio ao longo do vale.
"Ei, que merda, cara !? Kakuzu vai
ficar bem!?"
Ele ficou preocupado por um momento, mas
depois percebeu que era de Kakuzu que ele estava falando, então, provavelmente,
ele ficaria bem. Hidan bufou e depois saltou da árvore.
"Você está bem, garoto!"
Na mão direita de Hidan estava sua
lança. Antes de deixar o toco de árvore, Hidan deu uma forte apunhalada no
coração.
"Senhor Jashin... Ficará tão
satisfeito...!" Hidan gritou quando o êxtase da dor da morte cresceu
dentro dele.
"...Obrigado..."
Hidan observou que, mesmo quando tossia
grandes quantidades de sangue, havia um sorriso feliz no rosto de Ameyuki.
------------------------------------------
"Então, você conseguiu
matá-lo."
Kakuzu estava no calor do momento, mesmo
assim, ele escapou da vila em segurança.
Entre os que ele matou, havia algumas
recompensas altamente valorizadas, e Kakuzu tinha certeza que traria elas de
volta com ele.
No entanto, a recompensa mais valiosa
naquela vila havia sido... Ameyuki.
Ameyuki não matou apenas os ninjas que
atacaram sua vila, mas os próprios moradores que mataram Hohozuki também. Ele
matou todos eles. Como resultado, ele não era apenas uma recompensa no mercado
negro, mas um nukenin (ninja fugitivo) com uma página no Livro Bingo.
"Ele colocou um clone de si mesmo
na vila. Mesmo que fosse apenas um clone, mostrar sua aparência provavelmente
significava que, no fundo, ele queria ser encontrado", Disse Kakuzu.
Hidan estava deitado no tronco de
árvore, oferecendo suas orações. Ameyuki repousava ao lado do tronco de árvore
e Kakuzu olhou para ele.
Quando Ameyuki estava guiando Kakuzu
pela vila, ele ficou completamente inexpressivo. Agora, porém, ele parecia
contente.
Ameyuki causou a morte dos ninjas que
atacaram sua vila, as pessoas da vila em que ele nasceu e cresceu, e também seu
amigo. Ameyuki provavelmente encontrou a própria existência na fé em Jashin,
que incentivou o assassinato como um meio de salvar alguém, como um salvador
para si mesmo.
"De qualquer forma, quando você
terminará suas orações? Quero chegar ao ponto de troca o mais rápido
possível."
Kakuzu sempre reclamava disso, mesmo
enquanto Hidan estava no meio do ritual. Mas, desta vez, Hidan estava sorrindo,
como se não se importasse.
Quando Kakuzu inclinou a cabeça, Hidan
respondeu. "Vai demorar um pouco mais. Tivemos um mártir hoje."
Traduzido por: Naruto World Brazil (Naruto News) - Do Original em Inglês: B-Sim
Comentários
Postar um comentário